A
dimensão do Universo é algo que, todos os dias, nos surpreende. Os astrónomos
conseguiram agora disponibilizar uma imagem de uma parte da Via Láctea onde
surgem 84 milhões dê estrelas. É um número absolutamente avassalador para o
comum dos mortais, mas quase irrelevante se tivermos presente que a nossa
Galáxia tem pelo menos 200.000 milhões de estrelas!...
A
imagem global da região central da Via Láctea foi construída através da
combinação de milhares de imagens individuais obtidas por três filtros
infravermelhos do telescópio de rastreio VISTA, do Observatório Europeu do Sul
(ESO), no Chile. Os telescópios de infravermelho podem ver par além da poeira
das galáxias que obscurece a visão dos telescópios ópticos.
Uma equipa internacional de
astrónomos criou um catálogo de mais de 84 milhões de estrelas situadas nas
partes centrais da Via Láctea, com base nas imagens mais recentes obtidas no
Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile.
Esta gigantesca base de
dados contém dez vezes mais estrelas que as anteriores e representa um grande
avanço na compreensão da nossa galáxia. É também a maior imagem astronómica de
sempre, segundo o ESO.
A imagem de 84 milhões de
estrelas é uma visão tão grande e detalhada da região central da nossa galáxia
que, se fosse imprimida com a mesma resolução de um livro, teria 9 metros de
comprimento e 7 metros de altura.
As observações no ESO,
organização a que Portugal pertence, foram feitas através do telescópio de
rastreio infravermelho VISTA, localizado no Observatório do Paranal, no deserto
do Atacama.
Aprender mais sobre as galáxias espirais
"Ao observar em detalhe
as muitas estrelas que circundam o centro da Via Láctea, podemos aprender mais
sobre a formação e evolução, não só da nossa galáxia, mas também das galáxias
espirais duma maneira geral", afirma Roberto Saito, líder da equipa de
astrónomos e investigador da Universidade Católica Pontifícia do Chile.
A maioria das galáxias
espirais, incluindo a Via Láctea, possui uma grande concentração de estrelas
velhas que rodeiam o centro, zona a que os astrónomos chamam bojo.
Compreender a formação e
evolução do bojo da Via Láctea é vital para compreender a galáxia como um todo,
mas não é fácil obter observações detalhadas desta região.
"Observar o bojo da Via
Láctea é muito difícil porque este se encontra obscurecido por poeira",
explica Dante Minniti, também investigador da Universidade Católica Pontefícia
do Chile.
Mas há uma alternativa:
"Para espreitar para o coração da galáxia, temos que observar no
infravermelho, radiação que é menos afetada pela poeira".
Para ajudar a analisar este
gigantesco catálogo de estrelas, é calculado o brilho de cada estrela em função
da cor, de modo a criar um diagrama cor-magnitude.
Temperaturas, massas e idades das estrelas
Os diagramas cor-magnitude
são fundamentais para os astrónomos estudarem as diferentes propriedades
físicas das estrelas, tais como temperaturas, massas e idades.
Como esclarece Dante
Minniti, "cada estrela ocupa um lugar particular em cada momento da sua
vida. Este lugar depende de quão brilhante e quente é. Uma vez que estes novos
dados nos dão uma fotografia instantânea de todas as estrelas de uma só vez,
conseguimos fazer um censo de todas as estrelas nesta zona da Via Láctea".
Uma das descobertas
relacionadas com este catálogo é a existência de um grande número de estrelas
anãs vermelhas de fraca luminosidade. Estas estrelas são boas candidatas à
procura de pequenos planetas na sua órbita, através do método de trânsito.
A equipa internacional que
criou este catálogo de 84 milhões de estrelas é composta por astrónomos do
Chile, Brasil, Alemanha e Reino Unido, e publicou um artigo sobre o assunto na
conhecida revista científica Astronomy & Astrophysics.
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