O
crescimento da população que habita o planeta coloca, a muito breve prazo,
questões sobre a sua alimentação. As preocupações ambientais, o alargamento de
horários laborais e a alteração dos hábitos de vida são outros tantos factores
que vão originar mudanças neste domínio.
A notícia que reproduzimos
seguidamente enquadra-nos amplamente esta questão e só pode deixar-nos
apreensivos!...
Atualmente,
vários fatores preocupam os especialistas sobre aquilo que comeremos no futuro.
O aumento do preço dos bens alimentares, o crescimento populacional e as
preocupações ambientais estão a mudar a forma como nos alimentamos ou mesmo o
que a comida significa para as sociedades.
Segundo
os especialistas consultados por Denise Winterman, repórter da BBC, a carne
tornar-se-á um bem de luxo no Reino Unido com os preços a atingirem mais do
dobro dos atuais nos próximos cinco, sete anos.
"O
aumento dos preços significa que estamos a regressar à carne como um bem de
luxo. Em resultado disso estamos a procurar alternativas, de forma a preencher
essa lacuna da carne", diz Morgaine Gaye, investigadora alimentar.
Eis algumas alternativas:
Insetos: segundo investigadores da Universidade
de Wageningen, na Holanda, os insetos contém maior valor nutricional do que a
carne e são uma grande fonte de proteína. Além disso, o processo de criação é
menos dispendioso do que o dos animais, consomem menos água e a sua pegada
ecológica é muito baixa. Estima-se que existam 1400 espécies de insetos
comestíveis.
Não
faça aquela cara de "Blhaaccc". Na verdade, "grilos ou
gafanhotos serão triturados e usados como ingredientes em alimentos como
hamburgueres", explica Gaye à cadeia televisiva. Além disso, estes animais
são consumo regular da dieta de vários povos. As lagartas e gafanhotos são
populares em África, as vespas são uma iguaria no Japão e os grilos na
Tailândia.
O
governo holandês está atualmente a estudar a inserção dos insetos nas dietas
alimentares. Recentemente investiu um milhão de euros em pesquisa e
desenvolvimento de legislação que regule a criação de insetos para alimentação.
A investigadora diz que, mais cedo ou mais tarde, as sociedades ocidentais
adotarão uma linguagem mais "comestível" no que respeita aos insetos.
"Vão tornar-se populares quando nos conseguirmos afastar da palavra
"inseto" e usarmos algo como mini-pecuária", explica.
Comida
ultrassónica: é
sabido que a aparência e o cheiro dos alimentos influenciam o seu consumo, mas
agora há uma nova variável a incluir: o som. Um estudo recente realizado por
cientistas da Universidade de Oxford concluiu que certos tons poderiam dar um
sabor mais doce ou mais amargo aos alimentos.
O
estudo Bittersweet, liderado por Charles Spence, professor de psicologia
experimental, descobriu que o sabor dos alimentos pode ser ajustado alterando
as propriedades sonoras de uma música de fundo. "Ainda não sabemos ao
certo o que acontece no cérebro mas algo acontece e isso é realmente
emocionante", diz Jones.
Pensa-se
que estes estudos poderão ter um impacto importante no uso da música para
remover ingredientes prejudiciais para a saúde, sem que o consumidor se
aperceba dessa diferença no paladar. "Sabemos qual a frequência sonora que
torna as coisas mais doces. Potencialmente, pode reduzir-se o açúcar num
alimento, mas usar a música para fazê-lo parecer mais doce aos olhos do
consumidor", explica.
Algumas
organizações já utilizam atualmente a ligação entre a comida e o som nas
embalagens. Uma empresa de batatas-fritas mudou o material da embalagem para
tornar a abertura da mesma o mais parecida possível com o som estaladicço de
comer batatas-fritas.
Listas
de músicas poderão ser, inclusive, inseridas nas embalagens de forma a ajudar a
melhorar o sabor do produto. Ou por exemplo, um restaurante inglês que possui
um prato chamado "Som do Mar" que é servido com um iPod a tocar sons
do mar de forma a fazer a comida parecer mais fresca.
Carne
feita em laboratório: no
início deste ano, cientistas holandeses conseguiram criar carne em laboratório,
a partir de células embrionárias retiradas de vacas. Até ao final do ano, os
mesmos esperam criar o primeiro hamburguer totalmente "in vitro". Mas a produção de carne em laboratório
não é propriamente recente. Há vários anos a NASA já teria estudado a
possibilidade de criar carne "in vitro" de
forma a ser consumida no espaço pelos astronautas. Hoje em dia, a solução passa
por conseguir reduzir o impacto ambiental do consumo de carne.
Cientistas
da Universidade de Oxford concluíram que a carne produzida em laboratório
reduziria significativamente o efeito de estufa, bem como o desperdício de
energia e água na sua produção. Além disso, seria possível reduzir o teor de
gordura e aumentar a quantidade de nutrientes. Um dos principais desafios dos investigadores
é o aspeto do produto em si. Uns defendem que deverá ser o mais parecido
possível com a carne tradicional, outros defendem que o debate ainda está no
início sobre com o que se deve parecer a carne produzida em laboratório.
Algas: as algas estão num nível inferior na
cadeia alimentar mas não é por isso que deixam de ser uma solução interessante
no futuro. Existem mais de 10 mil espécies no mundo e com sabores variados.
Podem ser cultivadas no mar, alimentam o homem e os animais, para além das propriedades
energéticas que já lhe são conhecidas nomeadamente a produção de
biocombustíveis que pode ajudar a reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis.
Vários
especialistas da indústria alimentar sustentável defendem que o cultivo de
algas poderia tornar-se num dos maiores do mundo. Em vários países asiáticos
ela é já uma realidade abundante. Tal como os insetos, elas podem ser
utilizadas na nossa dieta sem que nos apercebamos que elas estão lá realmente.
Por
exemplo, cientistas da Universidade de Sheffield Hallam utilizaram os grãos de
algas para substituir o sal no pão e em alguns alimentos processados como nas
refeições prontas de supermercados, salsichas ou até queijo. "A grande
vantagem das algas é que são a planta que mais cresce no mundo", diz raig
Rose, diretor executivo da Fundação de Saúde de algas.
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