Um planeta sem estrela ou uma estrela
sem luz própria, a “apenas” 100 anos-luz do Sistema Solar, é a essência do
conteúdo da notícia que seguidamente se reproduz. O avanço tecnológico vai
possibilitando aos astrónomos obterem mais e mais informação sobre o Mundo que
nos rodeia e, à medida que aumenta o nosso conhecimento, mais pequena e
insignificante são as “realidades” que quotidianamente vivemos.
Uma equipa de astrónomos franceses e
canadianos descobriu um planeta a vaguear pelo espaço sem uma estrela
hospedeira a cerca de 100 anos-luz do Sistema Solar, a distância mais próxima
da Terra até agora encontrada para objetos deste tipo.
O planeta foi detetado com a ajuda do Very Large
Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO) - organização a que Portugal
pertence, que tem os seus telescópios localizados no deserto do Atacama, no
Chile - e do Telescópio Canadá-França-Havai, localizado no topo do vulcão
adormecido Mauna Kea, no Havai.
A relativa proximidade do planeta, juntamente com a
ausência de estrela brilhante muito próxima, permitiram aos astrónomos estudar
a sua atmosfera em detalhe, e deu uma ideia do tipo de planetas extrasolares
que futuros instrumentos poderão observar em torno de estrelas diferentes do
Sol.
Planeta maior que Júpiter ou estrela
falhada?
Os planetas errantes são objetos com massas típicas de
planetas, que vagueiam pelo espaço sem ligação a nenhuma estrela. Já foram
descobertos antes, mas sem o conhecimento das suas idades não foi possível
saber se eram realmente planetas ou anãs castanhas, isto é, estrelas
falhadas que não conseguem ter tamanho suficiente para dar início às reações
termonucleares que fazem brilhar as estrelas bem sucedidas.
Em todo o caso, o planeta errante, chamado
CFBDSIR2149, parece fazer parte de um grupo de estrelas próximas conhecido por
Associação Estelar AB Doradus . As estrelas que o compõem deslocam-se em
conjunto no espaço e pensa-se que se tenham formado todas ao mesmo tempo.
A possível ligação àquele grupo estelar poderá apontar
para uma massa do planeta de aproximadamente 4 a 7 vezes a massa de Júpiter,
com um temperatura efetiva de cerca de 430 graus Celsius. A idade do planeta
será a mesma do grupo, ou seja, 50 a 120 milhões de anos.
É a primeira vez que um planeta errante é identificado
como fazendo parte de um grupo estelar em movimento. Se o planeta estiver de
facto associado a este grupo, é um astro jovem e será possível deduzir muito
mais sobre as suas características, incluindo a idade, temperatura, massa e
composição da atmosfera. Existe também uma pequena probabilidade de que a sua
ligação ao grupo de estrelas seja ocasional.
Procurar estrelas é como estudar
pirilampos
"Procurar planetas a orbitar estrelas é
semelhante a estudar um pirilampo que se encontra a um centímetro de distância
de um farol distante de automóvel", explica Philippe Delorme, astrónomo
do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble (França) e
principal autor do estudo sobre esta descoberta, acrescentando que o planeta
errante "oferece-nos a oportunidade de estudar o pirilampo com todo o
pormenor, sem que as luzes brilhantes dos faróis do automóvel estraguem
tudo".
Pensa-se que os astros errantes como o CFBDSIR2149 se
formam ou como planetas normais que foram ejetados dos seus sistemas planetários,
ou como objetos solitários, tais como estrelas muito pequenas ou anãs
castanhas.
"Estes objetos são importantes, já que nos podem
ajudar a compreender melhor como é que os planetas são ejetados dos sistemas
planetários ou como é que objetos muito leves podem resultar do processo de
formação estelar", conclui Philippe Delorme.
Oss astrónomos consideram que estes objetos podem ser
comuns e talvez tão numerosos como as estrelas normais. Eles começaram a
ser conhecidos na década de 1990, quando os astrónomos descobriram que é
difícil determinar o ponto a partir do qual uma anã castanha passa para a faixa
das massas planetárias.
Estudos mais recentes sugeriram que pode haver uma
quantidade enorme destes corpos pequenos na nossa galáxia, com uma população
quase duas vezes maior que as estrelas de sequência principal.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/astronomos-encontram-planeta-errante-sem-estrela=f766826#ixzz2CD85yDLq
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