Olhando
para o título da notícia que seguidamente se publica ficamos naturalmente
satisfeitos, ainda mais se esses números indicarem uma tendência para a redução
dos actos de violência praticados no seio familiar.
Mas
se lermos com mais atenção constatamos que ainda se registam – haverá
infelizmente muito mais – pelo menos 20 mil ocorrências de violência doméstica
em Portugal, ou seja, por hora acontecem
3 crimes desta tipologia no nosso País.
As relações humanas podem “falhar” e/ou
alterar-se com o tempo, o que não pode ser tolerado é que, a coberto disso,
falhe o civismo e o bom senso, levando alguns a agir como se ainda vivêssemos
sob a égide da “lei do mais forte”.
Dados
do relatório de 2011 da Direção Geral da Administração Interna (DGAI)
sobre violência doméstica mostram uma quebra de 10,9% no total de
ocorrências de violência doméstica entre os meses de janeiro a setembro
de 2012, comparativamente com os mesmos meses do ano passado, havendo registo
de 20.125 ocorrências, divididas entre 8.282 na GNR e 11.843 na PSP.
Estes
e outros dados foram dados a conhecer no âmbito da abertura do seminário
"O atendimento especializado às vítimas de violência
doméstica", que decorre durante o dia de hoje [no
passado dia 19 de Novembro] no Instituo Superior de Ciências
Políticas e Segurança Interna, em Lisboa.
Apesar
da quebra nos números, a secretária de Estado da Igualdade disse que isso
não é, por si só, um fator tranquilizador.
"É
certo que as queixas têm vindo a diminuir desde 2010 e que em 2011
registaram-se menos 7,2% de queixas apresentadas à GNR e à PSP, mas é
também verdade que isso não nos pode tranquilizar porque a explicação
possível para essa redução no número de queixas é diversa, as razões
podem ser várias e não são necessariamente boas razões", defendeu
Teresa Morais.
De
acordo com a secretária de Estado, o combate à violência doméstica
"é uma prioridade", anunciando que está em marcha a rede de
municípios solidários com as vítimas de violência doméstica que conta já
com oito autarquias.
Teresa
Morais explicou que esta medida visa facilitar o acesso a habitação a
baixo custo e que os municípios podem participar em três modalidades: dar
prioridade na atribuição de habitação social, atribuição de uma casa da
autarquia ou posição de intermediação para identificar uma casa a baixo
custo no mercado habitacional.
Presente
na abertura do seminário, o ministro da Administração Interna defendeu
que não pode haver qualquer tolerância para com os agressores e garantiu
estar firme no combate ao crime de violência doméstica.
"Não
há nem pode haver qualquer tolerância para com os prevaricadores, para
com eles que persistem em fazer uso de expedientes inqualificáveis para
menorizar outros seres humanos, desprezando os mais básicos valores da
sociedade democrática que construímos", disse o ministro Miguel
Macedo no seu discurso.
Por
outro lado, admitiu que há aspetos que têm de ser melhorados,
nomeadamente dotar as forças de segurança de melhores condições de
atendimento e qualificar e formar os efetivos, garantindo que "não
faltarão os recursos necessários" ao combate a este tipo de
crime.
No
final, em declarações aos jornalistas, Miguel Macedo admitiu que os
números apresentados "não são bons", mas disse que a motivação para
continuar este trabalho está na cada vez maior visibilidade dada a este
fenómeno tanto por parte das estruturas judiciais, como pelas forças de
segurança.
"Temos
consciência de que temos um caminho longo a percorrer e apesar da descida
que se verificou este ano, ainda estamos nas quase 29 mil situações
participadas, o que significa ainda um peso muito grande na estatística
criminal", apontou o ministro.
Os
dados da DGAI revelam que a violência doméstica é a quinta tipologia
criminal mais participada em Portugal e representa 7% do total de crimes
registados.
Em
2010 houve registo de 31.235 ocorrências e em 2011 de 28.980, o que
representa uma quebra de 7,2%. O número total de ocorrências em 2011,
significa que houve 2.415 participações por mês, 79 por dia e três por
hora.
Lusa
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