A
utilização do carvão na produção de energia eléctrica origina a libertação de
gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, em quantidades que
triplicam - diz-se na notícia que de seguida se publica – as
que resultam da utilização de gás natural.
Seja
por causa do expectável fim dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão),
seja por razões ambientais, urge encontrar/desenvolver outra fonte de energia,
com menor impacto no ambiente e cujo custo não seja proibitivo, para não
contribuir para piorar ainda mais as condições em que vivem as populações mais
desfavorecidas.
“Do
ponto de vista energético e ambiental, o carvão é um erro, é a pior opção”,
afirmou à Lusa Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus,
reagindo à notícia de que um quarto do consumo de eletricidade em Portugal, nos
primeiros dez meses do ano, foi abastecido pela produção a partir de carvão,
sendo atualmente a principal fonte para produção de elétrica.
Francisco
Ferreira explicou que a produção de eletricidade a partir de carvão tem
“enormes perdas”, quando comparada com as centrais a gás, além de emitir três
vezes mais dióxido de carbono.
“Numa
central térmica a carvão, há enormes perdas, sendo aproveitado apenas cerca de
32% do poder calorífico, quando nas centrais de ciclo combinado a gás natural,
o aproveitamento ronda os 56%”, avançou.
Da
perspetiva ambiental, acrescentou, as centrais a carvão representam quase o
triplo das emissões de dióxido de carbono, em relação às congéneres a gás.
O
responsável da Quercus atribui esta crescente utilização do carvão como fonte
para a produção de eletricidade ao preço: “O facto de os Estados Unidos estarem
a introduzir no mercado o gás de xisto leva a que o carvão desça de preço para
ser competitivo”.
“A
isso acresce o facto de não haver limitações no que respeita ao dióxido de
carbono. As empresas têm uma enorme folga e mesmo que excedam as emissões, o
carbono está muito barato no mercado”, referiu.
Solução
passaria por endurecimento dos impostos
Para
o ambientalista, “o fator económico é absolutamente decisivo”, advogando que
“tem que haver uma intervenção à escala europeia para tornar o dióxido de
carbono suficientemente caro” para dissuadir a sua utilização.
“Quando
se quer entrar numa lógica de mercado, na questão da energia, é preocupante,
porque poderíamos ter menos emissões se estivéssemos a apostar no gás natural
em vez do carvão”, declarou.
Como
a Lusa avançou, de acordo com os dados disponibilizados na página da REN –
Redes Energéticas Nacionais, até outubro, 25% do consumo de eletricidade foi
assegurado pela produção a partir de carvão, 22% a gás natural, sendo a eólica
a terceira principal fonte de energia para a produção de eletricidade, tendo assegurado
19% do consumo.
Apesar
de uma ligeira melhoria, outubro foi um mês seco - com a quantidade de água nas
barragens a representar 60% dos valores normais para esta época -, tendo a
produção hídrica caído 56% nos primeiros dez meses do ano, garantindo apenas 9%
do consumo.
Em
compensação, a importação comercial de eletricidade aumentou 102,8% até
outubro, representando cerca de 17% do consumo.
A
tendência de redução do consumo de eletricidade apresentou um abrandamento no
mês de outubro, com uma contração de apenas 2,5% em relação ao período
homólogo, de acordo com a REN.
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