Já aqui tinha dado conta da desculpa que o Bloco de Esquerda de Salvaterra de Magos tinha dado para "escapar" a uma reunião com o Partido Socialista local, convocada para debater e estabelecer as bases de um eventual entendimento sobre a abordagem às próximas eleições autárquicas de 2013, onde destacaria, como tema mais relevante, a contenção de despesas com a campanha eleitoral, preocupação que não é menor, nem deve ser desvalorizada, numa altura em que o País se encontra sobre intervenção externa e a maioria dos portugueses atravessa muitas dificuldades.
Justificar a indisponibilidade para o diálogo e para o compromisso com a discordância BE relativamente ao conteúdo dos textos que aqui publicamos, ainda mais quando muitos dos autarcas da candidatura PS são independentes e por isso não vinculam as iniciativas levadas a cabo pela direcção política socialista, é claramente uma chantagem à liberdade de opinião dos autarcas, condicionamento que recusamos e denunciamos. Seguem o velho lema da extrema-esquerda autoritária e despótica, ao fim e ao cabo o ADN de um Bloco que tem na sua constituição e prática política dominante a "velha" UDP: "Quem não é por nós é contra nós".
Trinta e oito anos depois do 25 de Abril qualquer autarca que se preze deve estar disponível para dialogar e para procurar consensos, mesmo com aqueles de que diverge profundamente. Recusar isso como fez a coordenadora local BE é não ter o menor respeito pelo Poder Local, pois aqueles líderes BE estão a tratá-lo como se fosse uma mera extensão dos debates e das divergências que há no Parlamento Português.
O grande mérito do exercício da actividade autárquica é que os eleitos têm como primeira preocupação a resolução dos problemas concretos das pessoas e não o acicatar de clivagens. É com base neste princípio - que não se verifica na Assembleia da República, como todos podem comprovar - que os autarcas socialistas na Câmara e na Assembleia Municipal, apesar de divergirem e muito das escolhas e do exercício do Poder por parte do BE, nunca se opuseram até hoje aos Orçamentos Municipais e ao essencial da política económica determinada pelo executivo camarário.
Infelizmente como os factos vêm demonstrando o BE não tem reciprocidade em relação à conduta dos autarcas socialistas, e os exemplos são vários. Desde logo a recusa para o diálogo, depois a tentativa, em curso desde janeiro deste ano, de inviabilizar o funcionamento da Junta de Freguesia de Marinhais cortando-lhe 37.000€/ano, situação que ainda se mantém, apesar daquela autarquia não ter ainda desistido de substituir a Câmara Municipal na limpeza das fossas, no pagamento do vencimento à funcionária que trabalha no Pavilhão Desportivo municipal e na recolha e encaminhamento de vários tipos de lixos (monos, mobiliários, detritos vegetais, etc), actividades que aquele montante ajudava a custear.
Acredito que esta atitude do BE vai acabar por transformar a política local na extensão da política nacional, e isso é um péssimo serviço que se faz ao Poder Local, pois desse modo não haveria necessidade de ter eleições autárquicas, bastariam as legislativas e depois vinham para os concelhos os "comissários" políticos gerir as autarquias.
Temo bem que as consequências de tudo isto originarão, brevemente, novos episódios, alguns dos quais já começam a ser tornados públicos nas redes sociais. É pena que estratégias partidárias estejam a minar, pelo menos desde Janeiro, aquilo que eram adequadas relações institucionais!...
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