sábado, 2 de março de 2013

NÃO ACONTECE SÓ AOS OUTROS…


Conhecer a realidade, saber as consequências e a incidência nas pessoas de uma doença como o cancro, só nos pode ajudar. Pode contribuir para a mudança de comportamentos e para a prevenção, mas talvez não menos importante, pode levar-nos a estar atentos a sintomas, a fazer rastreio(s) e a detectar o mais cedo possível a maleita. Os que não descurarem esta tarefa terão seguramente muito maior sucesso no combate à doença e fá-lo-ão com menor sofrimento.
Porque elas não acontecem só aos outros vale a pena ler o artigo que seguidamente se reproduz!...


Tumores da traqueia, brônquios e pulmão estabilizaram, enquanto os do recto e do cólon continuam a aumentar. Registo nacional de novos casos diagnosticados em 2006 é apresentado hoje em Lisboa
A concentração de novos casos de cancro é maior nas grandes cidades, como Porto, Lisboa, Setúbal e Braga, mas os Açores lideram a taxa de incidência por 100 mil habitantes no país, revela o registo oncológico nacional que hoje é apresentado em Lisboa e que pela primeira vez inclui dados daquela região autónoma. Em 2006, ano a que se reporta este registo, foram detectados 39.356 novos casos de cancro em todo o país, quando tinham sido diagnosticados 38.519 no ano anterior.
A explicação para as maiores taxas de incidência de tumores nas grandes áreas metropolitanas pode ficar a dever-se em parte ao facto de alguns doentes preferirem tratar-se nos grandes centros hospitalares, e especificamente nos institutos de oncologia (que existem em Lisboa, Porto e Coimbra), e por isso darem a morada de familiares, mas vai ser agora objecto de análise detalhada, sublinha Ana Miranda, coordenadora do Registo Oncológico Regional (ROR) do Sul, que este ano foi responsável pela elaboração do documento.
Quanto aos números dos Açores, Ana Miranda está convencida de que são sobretudo influenciados pelo peso do cancro do pulmão naquela região (onde se cultiva tabaco), que chega a ser o dobro da verificada noutras regiões. A nível nacional, destaca, até há boas notícias nos tumores do pulmão, traqueia e brônquios porque a taxa de incidência estabilizou, em vez de continuar a aumentar. "Estou convicta de que daqui a mais um tempo vamos ver começar a baixar [o número de novos casos destes tumores]", remata, optimista, a coordenadora do ROR Sul, que acredita que a estabilização já é um reflexo de várias medidas, como a publicidade antitabágica iniciada nos anos 90.
O cancro da próstata, o que apresenta maior incidência nos homens e sobretudo em idades muito avançadas (a partir dos 75 anos), não tem grande repercussão na mortalidade e o aumento da taxa de incidência nas grandes cidades justificar-se-á sobretudo porque aqui se fazem cada vez mais testes de rastreio, explica.
A seguir ao cancro da próstata, que lidera a lista dos tumores mais frequentes (5316 novos casos em 2006), surge o da mama (5152 casos), mas a este nível as assimetrias regionais são menos vincadas do que no cancro da próstata. O cancro do cólon é o terceiro da lista (4250 casos), seguido dos tumores da traqueia, brônquios e pulmão (3009 novos casos).

Hábitos alimentares

Nos tumores do aparelho digestivo, a boa notícia é que continua a descer a incidência do cancro do estômago, devido à evolução tecnológica, à congelação dos alimentos nos frigoríficos e à diminuição do consumo de sal, mas a má é que ainda se verifica um aumento do cancro do cólon e do recto, particularmente nas cidades, porque houve uma modificação dos hábitos alimentares, observa Ana Miranda. A médica acredita, porém, que as medidas recentemente adoptadas pela Direcção-Geral da Saúde para a promoção de uma alimentação saudável terão um impacto positivo a este nível dentro de alguns anos.
Na região Sul, que abrange quase metade da população nacional, nos últimos dez anos não tem havido grande variabilidade, adianta ainda. No cancro de mama a sobrevivência a cinco anos chega já aos 85% e na próstata ronda os 90%. No cólon a sobrevivência também passou de 60 para 65% entre 2000 e 2007.
A sobrevivência a um e a três anos do cancro do pulmão continua, porém, a ser muito baixa, comenta a coordenadora do ROR Sul, que lamenta ainda a grande mortalidade provocada pelos tumores do esófago.
Em 2006, de acordo com o registo nacional que hoje é apresentado nas XX Jornadas do ROR Sul, morreram 3216 pessoas com tumores da traqueia, brônquios e pulmão em todo o país, 2401 com cancro do cólon e 2267 com cancro de estômago.
No cálculo das taxas de incidência foram usadas as estimativas da população residente em Portugal Continental e nas regiões autónomas, em 2006. Para permitir a comparação de taxas entre populações com diferentes estruturas etárias, estas foram padronizadas com recurso à população-padrão europeia.

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