sábado, 16 de março de 2013

EMBARCAÇÕES TRADICIONAIS DO ESTUÁRIO DO TEJO


A folha informativa nº 7/2013, editada pelo Instituto Politécnico de Santarém, a propósito da cultura avieira divulga um conjunto de imagens alusivas ao património marítimo-fluvial do estuário do Rio Tejo.
Os Barcos de Água-acima, cujo pequeno porte e características do fundo tornava-os embarcações aptas a navegar ao longo do rio Tejo (incluindo os seus afluentes e valas), até aos portos do “rio acima”.


Desde matérias-primas até produtos acabados (incluindo o fornecimento de frescos e cereais, de lenha para os fornos de pão de Lisboa), sal e vinho, areia e cortiça, açúcar e cereais, carvão ou lixo, era vasta a gama de mercadorias/produtos transportados por estas embarcações. Foi, assim, possível sustentar o desenvolvimento de uma vasta frota fluvial, cuja diversidade e especificidades importa considerar.


Para Nabais (2009:3), a grande diversidade de embarcações tradicionais portuguesas é 
explicada pelo estilo próprio de cada estaleiro/povoação, pelas funções que estas 
embarcações desempenhavam e pelas suas áreas de operação. 
Tais factores explicativos são passíveis de transposição para o caso específico das embarcações 
tradicionais do Estuário do Tejo.



Quanto ao primeiro factor, importa ter em conta que estas embarcações eram construídas, em 
grande medida, sem recurso a planos geométricos de construção. 
Eram utilizados moldes (ou grades) próprios de cada estaleiro, os quais respeitavam a técnica, 
o estilo do Mestre carpinteiro naval e as especificações requeridas pelo armador. Ora, a 
multiplicidade de estaleiros que povoavam as margens do estuário e que se dedicavam à 
construção e reparação de embarcações tradicionais deixa perceber como este factor 
contribuiu para a existência de embarcações com características técnicas diferenciadas no 
quadro da tipologia de embarcações existentes. Ademais, há que considerar que são vários os 
casos de embarcações tradicionais do Estuário do Tejo construídas em estaleiros navais 
localizados noutros pontos do país ( e.g. região da ria de Aveiro), nomeadamente Varinos.

Quanto ao segundo factor, este prende-se com a necessidade de resposta ás diferentes 
procuras do transporte fluvial, associadas às quais se verificavam requisitos específicos de 
transporte. Cita-se um exemplo. A embarcação Cangueiro apresentava um conjunto de 
características técnicas que decorria da especificidade do serviço de transporte para o qual foi 
concebido: o transporte de materiais de construção – portanto, materiais pesados – cuja 
operação de carga 3era muitas vezes realizada com a embarcação “abicada à proa”, como tal, 
o formato da popa da embarcação – popa fechada – (principal característica técnica 
diferenciadora), era de grande utilidade para cortar a vaga, minimizando o efeito do embate 
da mesma.




Quanto ao factor explicativo (as áreas de operação das embarcações) as condições naturais do Estuário do Tejo 
(e rio acima) determinaram o desenvolvimento de adaptações técnicas nas 
embarcações. O fundo chato dos Varinos e dos Barcos de Água Acima é disso exemplo maior.


Para além destes factores, também a existência de vários tipos específicos de embarcações 
precedentes, a partir das quais foram desenvolvidas adaptações ao longo do tempo 
(decorrentes das evoluções técnicas, tecnológicas e funcionais), terá influído na diversidade de 
embarcações verificada em momento posterior.

Referidos os factores explicativos da diversidade de embarcações tradicionais de carga do 
Estuário do Tejo, apresenta-se de seguida uma breve descrição das suas características e 
funções.

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