Reproduzimos
de seguida uma notícia que veicula o “desabafo” de um dos homens mais ricos do
mundo, a propósito das dificuldades que são sentidas para encontrar quem
financie os estudos de investigação de uma vacina contra a malária.
Bill
gates chega a afirmar que os investidores dos países mais ricos chegam a
preferir investir no combate à calvície masculina do que em prevenir uma doença
que causa a morte a tanta gente em países subdesenvolvidos.
Nada
de estranho, diria eu, o capital procura rentabilizar o investimento feito, e
as hipóteses de o conseguir com o tratamento do cabelo é bem mais evidente do
que em cuidar dos que menos podem pagar. Cabe aos Estados assegurarem através
dos seus orçamentos e da redistribuição da riqueza produzida, daí a cobrança de
impostos, que os investimentos na saúde “não rentáveis” se continuam a fazer,
uma vez que a vida das pessoas depende deles.
O
capitalismo faz com que os esforços de angariação de fundos vão para as
questões triviais que incomodam os ricos, em vez de incidirem nas epidemias
globais que assolam os pobres. Esta ideia foi defendida, esta semana, por Bill
Gates.
Segundo
o fundador da Microsoft, que falava na conferência Royal Academy of
Engineering’s Global Grand Challenges Summit, a causa da malária é menosprezada
em termos de financiamento, uma vez que quem tem os fundos são tipicamente
homens em países ricos.
“A
vacina contra a malária, em termos humanistas, é a maior necessidade. Mas não
consegue nenhum financiamento”, disse ele. “A investigação da calvície
masculina consegue mais financiamento do que a malária.”
Segundo
a imprensa britânica, Gates acrescentou que as prioridades globais são “guiadas
pelos imperativos do mercado”, defendendo que a forma de corrigir esta
disparidade é resolvendo a “falha na abordagem puramente capitalista”.
As
reivindicações de Gates surgiram no contexto de um discurso acerca da Bill & Melinda Gates Foundation,
o seu esforço filantrópico de €28 mil milhões (R$ 72 mil milhões) que tem como
objectivo concentrar iniciativas de tecnologia e inovação que cubram as
necessidades dos mais pobres em todo o mundo.
Bill
Gates, actualmente o homem mais rico dos Estados Unidos, não é o primeiro
milionário a manifestar-se contra o capitalismo. Também Richard Branson, dono
da Virgin Media Empire, proclamou a famosa frase: “O capitalismo perdeu o seu
rumo”.
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