José Gameiro e José Carlos Hipólito (O Timpanas), Julho 2013
Qualquer
que seja a nossa idade devemos procurar sempre assegurar a melhor qualidade de
vida que esteja ao nosso alcance. A assumpção desta postura não tem implícitos
objectivos estritamente económicos, mas antes bem-estar físico, psíquico,
auto-estima, prazer e vida em sociedade. Os
que se empenharem “correm o risco” de viver mais tempo J.
O
coordenador do estudo "Processos de Envelhecimento em Portugal, usos do
tempo, redes sociais, e condições de vida", disse à agência Lusa que
"a percentagem de portugueses que investem minimamente em atividades que
promovem o envelhecimento ativo é da ordem de 30%".
Esta é uma das conclusões do trabalho, com base em inquéritos a mil portugueses
a partir dos 50 anos, que hoje é apresentado e que Villaverde Cabral comparou
com um estudo europeu, realizado com uma metodologia diferente e a partir dos
65 anos.
O envelhecimento ativo contempla a adoção de ações cognitivas e físicas, de
cuidados médicos ou hábitos de saúde, que promovem uma maior longevidade com
qualidade.
Trabalhar ou não, pertencer a associações, fazer voluntariado, ir ao cinema ou
assistir a espectáculos são alguns exemplos avançados pelo investigador do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
No estudo europeu, "Portugal apareceu com uma percentagem ligeiramente
superior (35%) de potencial realizado em relação ao envelhecimento ativo"
e na comparação europeia ficou "mais ou menos a meio da tabela",
sendo um dos elementos que "contribuiu mais favoravelmente o facto de os
seniores portugueses se reformarem um pouco mais tarde do que a média
europeia".
A
taxa mais elevada de adoção de envelhecimento ativo está no grupo entre 50 e 64
anos, por isso, a expetativa é que, com os anos, e a passagem destes
portugueses à faixa dos "mais velhos", a prática do envelhecimento
ativo aumente.
"À medida que os mais idosos forem falecendo e os que têm agora menos de
74, menos de 65, menos de 50 forem envelhecendo, este movimento natural
demográfico, pelos atributos socio-económicos, nomeadamente a escolaridade e o
próprio nível de vida, apesar da crise", vai fazer com que se generalize
"crescentemente a adoção de práticas de envelhecimento ativo",
explicou Villaverde Cabral.
Apenas 1% ou 2% dos inquiridos que não sabem ler ou escrever aderem às
"boas práticas", contra os menos de 19% dos que têm o ensino básico.
Nos idosos que têm o ensino básico, cerca de dois terços segue as boas práticas
de envelhecimento ativo, enquanto nos que têm o ensino superior a percentagem
sobe para os 80%.
A terceira conclusão do trabalho vai "contra o que, por vezes, o discurso
do envelhecimento ativo dá a entender quando é criticado",
"Há a indução de uma ideia de que o envelhecimento ativo faria ´milagres´
- não faz", salientou o investigador.
O documento diz que, "contrariamente àquilo que a ideologia do
´envelhecimento ativo´ parece, por vezes, induzir, o efeito de idade tende a
exercer o seu impacto, virtualmente, a todos os níveis da existência dos
indivíduos (...), confirmando as teses da desvinculação gradual dos mais idosos
em relação à participação na vida social e até familiar".
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