sexta-feira, 12 de julho de 2013

ENVELHECIMENTO ACTIVO... AINDA SÓ PARA ALGUNS!...

José Gameiro e José Carlos Hipólito (O Timpanas), Julho 2013

Qualquer que seja a nossa idade devemos procurar sempre assegurar a melhor qualidade de vida que esteja ao nosso alcance. A assumpção desta postura não tem implícitos objectivos estritamente económicos, mas antes bem-estar físico, psíquico, auto-estima, prazer e vida em sociedade. Os que se empenharem “correm o risco” de viver mais tempo J.


O coordenador do estudo "Processos de Envelhecimento em Portugal, usos do tempo, redes sociais, e condições de vida", disse à agência Lusa que "a percentagem de portugueses que investem minimamente em atividades que promovem o envelhecimento ativo é da ordem de 30%".

Esta é uma das conclusões do trabalho, com base em inquéritos a mil portugueses a partir dos 50 anos, que hoje é apresentado e que Villaverde Cabral comparou com um estudo europeu, realizado com uma metodologia diferente e a partir dos 65 anos.
O envelhecimento ativo contempla a adoção de ações cognitivas e físicas, de cuidados médicos ou hábitos de saúde, que promovem uma maior longevidade com qualidade.
Trabalhar ou não, pertencer a associações, fazer voluntariado, ir ao cinema ou assistir a espectáculos são alguns exemplos avançados pelo investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
No estudo europeu, "Portugal apareceu com uma percentagem ligeiramente superior (35%) de potencial realizado em relação ao envelhecimento ativo" e na comparação europeia ficou "mais ou menos a meio da tabela", sendo um dos elementos que "contribuiu mais favoravelmente o facto de os seniores portugueses se reformarem um pouco mais tarde do que a média europeia".

A taxa mais elevada de adoção de envelhecimento ativo está no grupo entre 50 e 64 anos, por isso, a expetativa é que, com os anos, e a passagem destes portugueses à faixa dos "mais velhos", a prática do envelhecimento ativo aumente.

"À medida que os mais idosos forem falecendo e os que têm agora menos de 74, menos de 65, menos de 50 forem envelhecendo, este movimento natural demográfico, pelos atributos socio-económicos, nomeadamente a escolaridade e o próprio nível de vida, apesar da crise", vai fazer com que se generalize "crescentemente a adoção de práticas de envelhecimento ativo", explicou Villaverde Cabral.
Apenas 1% ou 2% dos inquiridos que não sabem ler ou escrever aderem às "boas práticas", contra os menos de 19% dos que têm o ensino básico.
Nos idosos que têm o ensino básico, cerca de dois terços segue as boas práticas de envelhecimento ativo, enquanto nos que têm o ensino superior a percentagem sobe para os 80%.
A terceira conclusão do trabalho vai "contra o que, por vezes, o discurso do envelhecimento ativo dá a entender quando é criticado",
"Há a indução de uma ideia de que o envelhecimento ativo faria ´milagres´ - não faz", salientou o investigador.
O documento diz que, "contrariamente àquilo que a ideologia do ´envelhecimento ativo´ parece, por vezes, induzir, o efeito de idade tende a exercer o seu impacto, virtualmente, a todos os níveis da existência dos indivíduos (...), confirmando as teses da desvinculação gradual dos mais idosos em relação à participação na vida social e até familiar".

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