O
Homem continua a causar o desaparecimento de inúmeras plantas e animais que
connosco partilham a superfície terrestre. Por acção directa ou em resultado
das mudanças climáticas estão já listados mais de 20.000 seres vivos em risco.
É
provável, embora não tenha dados para o afirmar, que o desaparecimento de umas
espécies é acompanhado pelo surgimento de outras, a dúvida é saber se a nossa
espécie tem condições para sobreviver no Mundo “novo” que estamos a gerar, onde
o enfoque está no económico em vez de se fixar no sustentável.
O número de espécies extintas e
ameaçadas de extinção no planeta Terra continua a crescer por causa das
actividades humanas, de acordo com a nova versão da Lista Vermelha da União
Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Mais de 700 espécies de
plantas e animais foram adicionadas à lista nas três categorias de ameaça,
elevando o total para 20.934.
Entre elas, estão várias
espécies de coníferas (árvores com flores em forma de cones ou pinhas, como os
pinheiros), que são os maiores e mais antigos seres vivos do planeta. A
situação de todo o grupo foi reavaliada, e concluiu-se que 34% das espécies de
coníferas estão ameaçadas de extinção.
Uma das que correm mais
risco é a araucária, ou pinheiro-do-paraná, classificada desde 2006 como
criticamente ameaçada. Espécie típica das regiões mais frias e de maior
altitude da Mata Atlântica brasileira, teve a área de ocorrência reduzida
drasticamente nas últimas décadas por causa da conversão de matas nativas em
áreas de agricultura e silvicultura.
Agora, com o aquecimento
global, pode ser que a coisa piore mais ainda para essa árvore, que prefere
temperaturas mais amenas. «A modelagem do impacto das mudanças climáticas
indica que até o final deste século a espécie poderá estar extinta na
natureza», disse o botânico Carlos Joly, da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), no interior de São Paulo.
Joly ressalta que as listas
de espécies ameaçadas (dentre as quais as da IUCN são referência mundial) são
uma ferramenta científica indispensável para a conservação da biodiversidade.
«A recém-criada Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (IPBES), cuja proposta preliminar do plano de acção 2014-2018,
foi colocada em consulta pública na semana passada, utilizará revisões como
esta da IUCN, no primeiro diagnóstico global previsto para o final de 2018»,
afirma. A IPBES foi criada em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU)
para fazer pela biodiversidade o que o famoso IPCC faz pelas mudanças
climáticas. Joly é um dos directores do Painel Multidisciplinar de
Especialistas do órgão.
Dentre as 20.934 espécies consideradas ameaçadas de extinção na nova lista,
4.090 estão na categoria «criticamente em perigo» (137 a mais do que na
anterior). Algumas recebem até mesmo uma anotação como «possivelmente
extintas», quando já não são vistas na natureza há algum tempo. Como, por
exemplo, um camarão de cavernas da Flórida que passou para essa categoria. O
grupo dos camarões de água-doce foi avaliado por completo pela primeira vez
nesta revisão: 28% estão ameaçados.
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