Há
evoluções científicas que nos enchem de satisfação pela importância que podem
ter na vida de tanta gente. Mas infelizmente o tempo que medeia entre “a descoberta” e a sua aplicação
generalizada é sempre muito longo, para algum demasiado longo!...
Um
grupo de investigadores conseguiu reverter pela primeira vez a doença de
Alzheimer. A equipa de cientistas canadianos usou uma técnica de estimulação
cerebral profunda que pôs um travão à doença.
Doze
meses depois não houve quaisquer sinais de permanência ou até mesmo regresso da
doença de Alzheimer nos seis pacientes que constituíram a amostra do estudo,
inicialmente apresentado em Novembro de 2011 numa conferência da Society for
Neuroscience.
Em dois destes pacientes, a deterioração da área do cérebro associada à memória
não só deixou de encolher, voltando ainda a crescer e a aumentar de tamanho.
Nos restantes quatro pacientes, o processo de deterioração desta região do
cérebro parou por completo.
Segundo
a equipa de investigadores da Universidade de Toronto, liderada por Andres
Lozano, nas pessoas portadoras de Alzheimer, a região do hipocampo é uma das
primeiras a ser afetada e a reduzir o seu tamanho.
Uma
vez que o centro de memória funciona nessa área do cérebro, há uma grande
alteração a esse nível: as memórias de curto prazo são convertidas em memórias
de longo prazo. Por isso mesmo, a degradação do hipocampo é aquilo que revela
os primeiros sintomas da doença, nomeadamente a perda de memória e a desorientação.
Vários
exames cerebrais feitos a pacientes com Alzheimer dão a conhecer que o lobo
temporal (região do cérebro onde se encontra o hipocampo e o córtex cingulado
posterior) absorve muito menos glicose do que o normal, daí o seu mau
funcionamento e consequente degradação.
Por
forma a reverter este quadro degenerativo, Lozano e a equipa recorreram a uma
técnica de estimulação cerebral, que envia pequenos impulsos elétricos (130
vezes por segundo) para o cérebro através da implantação de elétrodos.
Os
dispositivos foram implantados junto do fórnix - aglomerado de neurónios
que envia sinais para o hipocampo - dos pacientes em estudo, diagnosticados com
Alzheimer há pelo menos um ano.
Passado
um ano desde o início da investigação, os testes mostraram que a redução de
glicose foi revertida e que o lobo temporal voltou a funcionar
corretamente.
As
conclusões do estudo, publicadas em 2012 no jornal científico "JAMA
Neurology", podem conduzir a novos caminhos para tratamentos da doença de
Alzheimer, uma vez que a doença foi, pela primeira vez, revertida.
Ainda assim, os cientistas admitem que a
técnica ainda não é definitiva e que é preciso fazer uma maior pesquisa, pelo
que estão agora a realizar um novo teste, desta vez com 50 pessoas portadoras
de Alzheimer.
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