(Foto New Zealand Government)
A
curiosidade científica não tem limites. E ainda bem que assim sucede! Desta vez
a notícia recai sobre a descoberta de quatro novas espécies de baleia e de a
esse facto estar associado um investigador português. Nota curiosa também, o
facto destes mamíferos, como todos os outros, terem de respirar à superfície e
depois irem de nadar, para se alimentarem até 3 ou 4 Km de profundidade, facto
que é, com efeito, surpreendente.
Quatro novas
espécies de baleias-de-bico foram descobertas nas profundezas do Oceano
Atlântico, disse à Lusa um investigador português na área da paleontologia e
membro da equipa científica internacional responsável pelos achados dos
fósseis.
“Estes novos achados
destas espécies de baleias são um avanço para a ciência, porque ajudam a
compreender melhor a evolução deste tipo de baleias, que existem actualmente,
mas estas são espécies fósseis e, portanto, são antepassados das actuais”,
explicou o cientista Octávio Mateus.
Segundo o professor de
Paleontologia na Universidade Nova de Lisboa e investigador no Museu da
Lourinhã, estas quatro descobertas “de uma só vez” vêm também mostrar “uma
diversidade maior” do que a que conhecíamos até ao momento.
Estas novas espécies de
baleias eram semelhantes a golfinhos, pertenciam a um grupo de baleias de
pequeno porte (quatro a 13 metros), “muito raras”, “muito difíceis de
localizar”, e animais que se alimentavam de lulas gigantes a dois e três mil
metros de profundidade, descreveu Octávio Mateus.
Segundo o cientista, o
facto de estas baleias terem de respirar à superfície, como todos os mamíferos,
e depois mergulhar três mil metros para se alimentarem é “absolutamente
impressionante”.
As descobertas destas
quatro novas espécies de baleias de bico foram feitas a partir de uma série de
fósseis recolhidos no fundo do oceano em diferentes locais da Galiza, Espanha e
no norte e na costa oeste de Portugal.
A descoberta esteve a
cargo de uma equipa científica internacional composta por cinco especialistas
liderados por Ismael Miján, da Sociedade Galega de História Natural de Ferrol
(Galiza/Espanha).
“Verificámos pela anatomia
que as novas baleias não encaixavam em nada conhecido, e portanto viemos a
verificar que são novas espécies, algo que não era de todo conhecido,
aumentando a diversidade desta família de baleias para a costa ibérica”,
acrescentou o investigador português.
Das quatro novas espécies,
o cientista destacou a ‘Globicetus hiberus’, por ser uma baleia com uma
estrutura óssea “muito estranha à frente no crânio”, que poderá estar
relacionada com um comportamento de agressão entre machos para bater cabeça com
cabeça, ou relacionado com a “ecolocalização que é algo que este tipo de
baleias usa com frequência”.
Este projecto arrancou em
2006, altura em que um pescador de Cedeira (Corunha/Espanha) encontrou um
estranho fóssil que lhe apareceu nas redes da sua embarcação, que se tratava
afinal de um crânio de uma baleia por classificar e que teria entre 15 a 20
milhões de anos.
A equipa de cientistas
contou ainda com o trabalho do italiano Giovanni Bianucci, da Universidade de
Pisa, e do belga Olivier Lambert, do Museu Real de Ciências Naturais da Bélgica
e do holandês Klaas Post, do Museu de História Natural de Roterdão.
Este achado científico já
mereceu aplausos da comunidade paleontológica internacional.
Uma parte da colecção dos
novos fósseis vão estar em exibição ao público no Museu da natureza de Ferrol,
adiantou a agência de notícias Efe, mas Octávio Mateus adiantou que também no
Museu da Lourinhã poderão vir a expor-se alguns fósseis descobertos.
Lusa/ SOL
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