A
notícia que seguidamente se reproduz revela bem a qualidade dos investigadores
portugueses, no caso em relação ao combate ao cancro da mama, e deixa claro
ainda que quando se encontram meios para os financiar eles produzem trabalho
com tanta ou mais qualidade que os de outras nacionalidades.
À
geração jovem não lhe falta formação académica, a primeira ferramenta para
atingir o saber, o que escasseiam são as oportunidades em Portugal, facto que
os vai levando a emigrar cada vez em maior número. Esperemos que algum dia haja
a possibilidade de os “fazer” voltar!...
Uma equipa de investigadores portugueses
está a desenvolver um novo tratamento para o cancro da mama, a partir da
engenharia molecular, criando um anticorpo capaz de eliminar as células
tumorais malignas.
A investigação, liderada por Paula
Videira, venceu a sexta edição do Prémio de Mérito Científico Santander
Totta/Universidade Nova de Lisboa, no valor de 25 mil euros, que é entregue
hoje, no auditório da reitoria da universidade.
Em declarações à agência Lusa, a
investigadora explicou que o trabalho, a decorrer nos próximos dois anos,
pretende, através da manipulação de anticorpos, juntar as células do sistema
imunitário, designadas células T, com as do cancro da mama, para que as
primeiras eliminem as segundas.
Os anticorpos são moléculas geradas pelo
desencadear do mecanismo de defesa imunitária específica. Quimicamente, são
glicoproteínas.
Segundo Paula Videira, da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, o cancro da mama tem
características que "criam um efeito imunossupressor", isto é, o
sistema imunitário não consegue eliminar as células tumorais malignas, que
progridem no organismo.
As células tumorais malignas expressam,
neste caso, à superfície, glicanos - um tipo de açúcares - muito diferentes dos
encontrados nas células normais e que se designam “sialil-Tn”.
De acordo com Paula Videira, esta
"expressão" verifica-se em 30 por cento dos casos de cancro da mama.
Contudo, explicou, as células do sistema
imunitário, em vez de reconhecerem a aberração e eliminá-la, "não vão
fazer nada".
Um super anticorpo
O que a equipa de cientistas se propõe
fazer é criar um anticorpo "bi-específico", que una as células
específicas do sistema imunitário com as do cancro da mama e, ao mesmo tempo,
"ative" as primeiras para eliminar as últimas.
Numa primeira fase, os investigadores
vão "finalizar" o "fabrico" do anticorpo que vai reconhecer
as células do cancro da mama, uma vez que, adiantou Paula Videira, "já
existem anticorpos que ativam as células T", as células do sistema
imunitário.
Posteriormente, será feita a
caracterização do anticorpo das células tumorais, antes da sua junção com o
anticorpo das células T.
O novo anticorpo gerado será testado
"in vitro" em células humanas e, depois, em animais vivos,
"capazes de receber células humanas sem as rejeitar".
Se for bem sucedida, a investigação pode
ser, na opinião de Paula Videira, um "passo importante" para o
tratamento, mais eficaz e menos tóxico, do cancro da mama, mas também dos
cancros do estômago, do pâncreas e do cólon, que expressam igualmente glicanos
“sialil-Tn”.
Lusa
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