Mais
do que uma previsão estamos confrontados com uma realidade, o número de idosos
a nível mundial cresce a olhos vistos. Vai ser preciso estudar a evolução
demográfica, antecipar cenários e encontrar caminhos que respondam a novos
desafios, entre os quais destacaria a sustentabilidade da segurança social, a prestação
de cuidados de saúde e o acompanhamento no envelhecimento, numa sociedade onde
os horários de trabalho cada vez mais punem a vida em família.
Em 2050, os idosos ascenderão a dois mil
milhões de pessoas, 20% da população mundial.
O documento do Fundo de População das
Nações Unidas (UNFPA) faz previsões sobre o perfil demográfico global e
reflecte o aumento da expectativa de vida em diversos países.
A tendência é que os idosos se tornem
cada vez mais numerosos em relação às pessoas mais jovens. Em 2000, a população
idosa do planeta superou pela primeira vez o número de crianças com menos de 5
anos.
Agora, o UNFPA prevê que, em 2050, o
número de pessoas com mais de 60 anos vá superar também a população de jovens
com menos de 15 anos.
Segundo a UNFPA, o envelhecimento da
população será mais perceptível em países emergentes. Hoje, cerca de 66% da
população acima de 60 anos vive em países em desenvolvimento. Em 2050, essa
proporção subirá para quase 80%.
A agência da ONU diz que o aumento da
expectativa de vida no planeta é «motivo de celebração», mas alerta para alguns
riscos económicos do envelhecimento da população.
«Se não forem tomados os devidos
cuidados, as consequências provavelmente surpreenderão países
desprevenidos», afirma o documento.
A UNFPA alerta que o desafio para muitos
países emergentes com grande número de jovens é encontrar políticas públicas
para lidar com o envelhecimento desta população nas próximas quatro décadas.
Um dos problemas enfrentados pelos
idosos, segundo a ONU, é a discriminação.
O relatório aponta que - apesar de 47%
dos homens idosos e 24% das mulheres idosas participarem no mercado de trabalho
- as pessoas mais velhas continuam a ser vítimas de «discriminação, abusos e
violência» em diversas sociedades.
O documento inclui depoimentos de 1,3
mil idosos em 36 países do mundo.
O estudo da ONU também refere que
existem mitos comuns sobre idosos que nem sempre são apoiados pelos números.
Uma ideia amplamente difundida é a de
que os mais jovens sustentam economicamente os mais velhos através do sistema
de previdência.
Segundo a UNFPA, em muitos países, o
caso contrário ainda é bastante comum.
«Em termos económicos, ao contrário da
crença popular, um número grande de pessoas mais velhas contribui para as suas
famílias, amparando financeiramente gerações mais jovens, e com as economias
nacional e local, ao pagar impostos», lê-se no relatório.
«No Brasil, México, Estados Unidos e
Uruguai, por exemplo, a contribuição (financeira) dada pelas pessoas mais
velhas é substancialmente maior que a que recebem», refere.
Um exemplo extremo apresentado pelo
relatório é o da idosa colombiana Ediberta, de 74 anos, que perdeu o filho
devido à violência de guerrilhas no país e, hoje, sustenta financeiramente oito
netos com os seus poucos rendimentos.
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