A
aplicação da Lei 22/2012, de 30 de Maio, prejudica de um modo geral os
concelhos do País, pois poucos são os que mantém todas as suas freguesias.
Perdem-se serviços de proximidade, reduz-se a representação política e
contraria-se a vontade das populações. Os ganhos financeiros, a existirem, serão
absolutamente irrelevantes.
Na
véspera da data limite legalmente fixada, o Município de Salvaterra de Magos,
como aqui noticiámos recentemente, apresentou na Unidade Técnica (UT) da
Assembleia da República (AR) a pronúncia da sua Assembleia Municipal, o parecer
da Câmara Municipal e as deliberações das diversas Assembleias de Freguesia.
Apesar
do longo debate que aconteceu nos últimos meses, o consenso não foi possível.
Temos a Assembleia Municipal a pronunciar-se por 5 freguesias, procurando desse
modo evitar ficar apenas com 3, e temos a Câmara Municipal, sob proposta do BE,
a preferir desvincular-se dessa solução e a não propor qualquer agregação de
freguesias.
Esta
estratégia do BE foi derrotada na Assembleia Municipal (AM) por 58% dos
deputados municipais, pois era uma opção que, como sabemos, e os próprios
reconhecem, conduziria à extinção de 3
freguesias. Lamentavelmente alguns autarcas BE preferiram contribuir para a
divisão entre órgãos autárquicos de um mesmo Município, em vez de permitirem
que fosse seguido, de modo coerente, “o caminho” votado maioritariamente na Assembleia Municipal.
Foram
assim entregues na UT da Assembleia da República posições do Município de
Salvaterra de Magos que divergem umas das outras. Enquanto as Assembleias de
Freguesia da Glória do Ribatejo, do Granho, de Marinhais e de Muge escolheram
deliberar de modo a não contradizer a pronúncia da Assembleia Municipal, a
Câmara Municipal e a Assembleia de Freguesia de Salvaterra de Magos, por
iniciativa BE, deliberaram em sentido oposto.
Mas o caso mais caricato é o que o BE
exigiu aos seus autarcas na Assembleia de Freguesia dos Foros de Salvaterra.
Na
Assembleia de Freguesia dos Foros de Salvaterra de Junho, por unanimidade, foi deliberado apoiar
a pronúncia da Assembleia Municipal na medida em que ela tentava preservar a
freguesia dos Foros de Salvaterra. Na Assembleia de Freguesia dos Foros de Salvaterra de Setembro os
mesmos deputados de freguesia BE (com a abstenção de um deles e o voto contra
do PS) decidiram aprovar outra posição, seguindo as instruções que lhes foram
dadas pelo BE Salvaterra, posicionamento que contraria o anteriormente votado
[apoio à pronúncia da AM] e se aproxima do parecer da Câmara Municipal
(proposto e aprovado pela maioria BE).
Na prática a nova decisão da Assembleia
de Freguesia dos Foros de Salvaterra, visa deixar nas mãos da Assembleia da
República a mera aplicação da Lei e essa determina a união das freguesias de Muge e Granho, a
união das freguesias de Marinhais e Glória do Ribatejo e a união de Salvaterra
de Magos com os Foros de Salvaterra.
Ficam os factos para que cada
um os possa analisar, enquanto isso aguardamos
pela decisão da UT. Nessa altura perceberemos melhor se este
comportamento do BE - que não soube aceitar a derrota sofrida em Assembleia
Municipal - terá (ou não) consequências, e quais, uma vez que a sua acção
enfraqueceu sobremaneira a decisão política de pronúncia assumida, em 14 de
Junho de 2012, pela Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos.
Voltaremos
seguramente ao tema!...
Ridiculo.. todo este processo é muito ridiculo!! o BE defende os seus interesses internos, e não os interesses das populações que os elegem. Na verdade que sirva de lição a quem neles vota.
ResponderEliminarMas na Lei o que conta é a pronuncia da AM. Certo?
ResponderEliminarGostaria de responder que sim - embora preferisse que a lei fosse suspensa - mas é a própria Lei que exige o parecer da Câmara Municipal e que "recomenda" que as Assembleias de Freguesia sejam ouvidas, daí que não sei qual a ponderação que a Unidade Técnica da Assembleia da República fará a esses documentos.
ResponderEliminartemo que mais tarde ou mais cedo é o concelho de Salvaterra que seja integrado noutro concelho (e não deve faltar já muito. A questão é saber qual?! Benavente?!! Coruche? Almeirim?!!
ResponderEliminarentão a camara cometeu algum crime?
ResponderEliminare as assembleias do granho e muge não cometeram, ao tomarem por voto de qualidade a decisão de uma população?
e a chantagem que o pessoal da gloria fez com os deputados municipais da gloria
este comentário é esclarecedor quanto ao seu posicionamento e é revelador também de alguma dificuldade em aceitar as regras democráticas. Não é verdade que por um voto se perde e um voto se ganha?! Não é verdade que o exercício do voto de qualidade, em caso de empate numa votação, faz parte de órgãos democraticamente eleitos?! Ou será que só quando esse exercício corresponde com o que pensamos, ele é correcto?! Não vi, nem ouvi, nenhum deputado municipal queixar-se de ter sido pressionado seja por quem for, ou será que acusa os deputados municipais, eleitos pelo povo do concelho, de menoridade?! Não tenha ilusões 58% dos deputados municipais votaram a propósito de uma solução com o ÚNICO intuito de tentar salvar pelo menos mais uma freguesia, se as coisas dependessem deles teria votado antes a suspensão da lei.
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