sábado, 6 de outubro de 2012

INTERESSE HISTÓRICO


Como julgo entenderão a notícia que seguidamente se reproduz tem, creio, para todos nós algum interesse histórico, daí a sua publicação neste espaço. Ela contraria em certa medida o que os historiadores haviam até agora apurado e dito sobre a vida de Jesus Cristo. É a descoberta e o estudo de “testemunhos” como este que tornará apaixonante o trabalho dos historiadores!


Uma historiadora de uma universidade de Harvard, nos EUA, descobriu um papiro, datado do século IV, com escrituras em linguagem cóptica antiga que, mesmo quase inelegíveis, mostram uma sugestão inédita para a crença cristã: «E Jesus disse-lhes: ‘A minha mulher…’. O pequeno pedaço de papiro, rasgado, não mostra o resto da frase, mas poucos desconfiam da sua autenticidade.
Entre as frases legíveis do pequeno pedaço rectangular de papiro – com dimensões de 4x8cm -, consta igualmente uma outra, logo abaixo da principal, onde se lê: «Ela poderá ser a minha discípula».
No pedaço, que foi visivelmente rasgado do original, notam-se ainda outras frases soltas, como «A minha mãe deu-me vida» ou «Maria é merecedora», esta última em referência a Maria Madalena, figura que no Novo Testamento é retratada como uma das discípulas de Jesus Cristo.
As conclusões, apesar de escassas, avançaram já com algumas certezas.
O material de papiro datará do século IV. A escritura expande-se numa mistura entre o Cóptico normal, uma língua originária do Egipto e que utiliza caracteres gregos, com algumas palavras de um dialecto, também cóptico, mas originário do Sul do país.
«Este fragmento sugere que alguns antigos cristãos adoptaram a tradição de que Jesus seria casado», disse ao New York Times, uma das três publicações – os outros são o Boston Globe e a revista Harvard Magazine -, que foram autorizados a entrevistar a investigador e ver o manuscrito, que já se encontra protegido entre dois pedaços de vidro.
A responsável pela descoberta, Karen King, docente na Universidade de Teologia de Harvard, afastou a possibilidade do papiro ter sido falsificado, apesar da sua origem ser ainda um mistério. O mesmo foi defendido por outros especialistas, a quem King mostrou entretanto o manuscrito.
Anne Marie Luijendijk, professor de Teologia na Universidade de Princeton, foi uma delas. «Seria impossível de forjar», garantiu.
King explicou que o papiro é o primeiro manuscrito encontrado que fala sobre a hipótese de Jesus Cristo ter sido casado. «Já no século II, sabemos que houve uma controvérsia sobre este assunto, no meio do debate que então discutia se os cristãos podiam casar-se e ter relações sexuais», lembrou.

Papiro pertencia a um coleccionador

A historiadora revelou depois que o manuscrito estava na posse de um coleccionador.

King só tomou conhecimento da sua existência quando o próprio – que, a seu pedido, não identificou – lhe enviou um e-mail no qual pedia à investigadora, perita papirologia e línguas cópticas, que lhe traduzisse o pedaço de manuscrito. Examinou-o pela primeira vez em Dezembro de 2011.
Esse proprietário teria comprado o papiro em 1997, que antes pertencera a um cidadão alemão.


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