Assinalou-se na passada 2ª feira, dia
3 de Dezembro, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e, por essa
altura, veio a público um estudo realizado pela ACAPO – Associação dos Cegos e
Amblíopes de Portugal que evidencia alguns dados preocupantes, depois de
inquéritos feitos a uma amostra com mais de um milhar de pessoas com este tipo
de deficiência.
Como seguidamente poderão ler as pessoas
que apresentam este tipo de limitações dependem sobremaneira dos apoios sociais
e têm uma taxa de desemprego que é quase o dobro da média nacional. A isto devem
adicionar-se problemas de autonomia, socialização, empregabilidade e muitos outros.
Quase metade dos
deficientes visuais dependem de uma prestação social, valor que aumenta para
mais de 80% quando estão em causa pessoas em isolamento social, revela um
estudo da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).
O estudo, sobre a
“Prestação de serviços e a promoção da vida independente”, foi feito entre os
sócios e utentes da ACAPO com mais de 16 anos, tendo sido validados 1.325
questionários.
Da totalidade das
pessoas inquiridas, 58% são cegos e 42% têm baixa visão e mais de metade
(55,7%) são homens. A idade média das pessoas com baixa visão é de 44 anos e
das pessoas cegas é de 53 anos, sendo que 42% adquiriu a deficiência visual até
aos cinco anos.
Os dados da ACAPO
revelam que para quase metade (49%) dos deficientes visuais em idade activa
(16-64 anos) a principal fonte de rendimento é uma prestação da segurança
social, valor que aumenta para 81% entre as pessoas que vivem em isolamento
social (22% do total).
A caracterização
destes inquiridos revela que em mais de metade (52%) dos casos adquiriram a
deficiência visual depois dos 15 anos, têm em média 55 anos, vivem
maioritariamente (59%) em meio urbano, em 95% dos casos não têm ninguém com
quem possam sair e 75% não pode estar com familiares ou amigos quando quer.
A nível laboral, o
estudo mostra que há uma grande diferença entre a taxa de actividade do
conjunto da população e os deficientes visuais com idade activa.
“Em geral, a taxa de
actividade da população em geral é 1,6 vezes superior à taxa de actividade dos
deficientes visuais inquiridos”, lê-se no estudo, que revela, citando dados do
Eurostat, que no primeiro trimestre deste ano a taxa de actividade da população
com idade entre 15 e 64 anos era de 73,8%, contra os 46% entre os deficientes
visuais inquiridos.
Por outro lado, também
com base nos dados do Eurostat relativos ao primeiro trimestre, a taxa de
emprego dos deficientes visuais em idade activa é metade (32,9%) da taxa de
emprego entre a restante população (62,9%).
Já a taxa de
desemprego entre as pessoas com deficiências visuais em idade activa é cerca do
dobro (29%) da taxa de desemprego entre a restante população (15,6%), quando
olhando para o mesmo período do ano.
De acordo com a ACAPO,
a aquisição da deficiência visual em idade adulta leva a que muitos dos
inquiridos tenham saído do mercado de trabalho, sendo que 79% dos deficientes
visuais que adquiriram a deficiência depois dos 30 anos e têm menos de 64 anos
não fazem parte da população activa.
“O nível de vida de
mais de três quartos dos inquiridos que não são deficientes visuais de nascença
piorou muito desde que se tornou deficiente”, refere o estudo.
Em termos de saídas
profissionais, o estudo da ACAPO aponta que o “Estado é um agente muito
importante no emprego dos deficientes visuais”, onde trabalham 37% dos
deficientes visuais inquiridos que estão empregados.
Revela, por outro
lado, que as saídas profissionais dos cidadãos com deficiência visual estão
concentradas entre duas profissões: professores, no caso dos licenciados, e
telefonistas, no caso dos níveis escolares mais baixos.
Ao nível da
mobilidade, 60% dos deficientes visuais não são autónomos e têm dificuldade ou
não conseguem andar em espaços públicos não familiares, não usam transportes
públicos e têm dificuldade ou não conseguem subir ou descer escadas.
O estudo da ACAPO vai
ser apresentado segunda-feira, quando se assinala o Dia Internacional das
Pessoas com Deficiência.
Faleceu hoje, em resultado de uma queda na via pública, o ex-Presidente da ACAPO. Lamentável coincidência... mas este post é também um destaque merecido ao trabalho que aquela Associação vem desenvolvendo em prol de todos os que têm deficiências visuais e também na sensibilização dos seus concidadãos para a importância dos "pormenores" que podem fazer toda a diferença.
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