O relatório anual da FAO (ONU) chama a
atenção para a necessidade de se retomarem os investimentos na agricultura, na
investigação para se conseguirem ganhos de produtividade, mas também na
educação e em infraestruturais agrícolas, designadamente caminhos rurais.
Optamos
por reproduzir aqui o texto integral daquela notícia pois o sector agrícola é
um dos que mais contribui no nosso concelho para a sua dinamização económica e
para o emprego de parte importante da nossa população activa.
No relatório anual da organização hoje divulgado
em Roma, sob o lema "Investir na Agricultura para um futuro melhor",
a FAO afirma que há cada vez menos investimento proporcional e menos
percentagem da população no setor agrícola e deixa conselhos, um deles o de ter
em conta as decisões dos agricultores nas políticas agrícolas dos países
pobres.
A FAO aconselha também que
os recursos públicos sejam usados mais eficazmente, afirmando que é mais útil
apoiar a investigação para melhorar a produtividade, e investir em caminhos
rurais e na educação, do que pagar subsídios (para fertilizantes, por exemplo).
Os subsídios "podem ser
politicamente populares" mas não costumam ser a melhor forma de utilizar
dinheiros públicos, e acabam por norma "nas mãos das elites rurais",
diz o documento.
"O investimento na
Agricultura é fundamental para promover o crescimento agrícola, reduzir a
pobreza e a fome e favorecer a sustentabilidade ambiental. As regiões do mundo
onde há hoje mais fome e pobreza extrema, concretamente na Ásia Meridional e na
África Subsaariana, registaram uma estagnação ou diminuição dos índices de
investimento por trabalhador na agricultura ao longo de três décadas",
alerta o relatório.
Por isso, acrescenta, para
erradicar a fome nestas e noutras regiões é necessário um "aumento
significativo" dos investimentos na Agricultura.
O problema, diz o documento,
é que os agricultores de muitos países pouco desenvolvidos enfrentam obstáculos
como o escasso investimento público no setor, a extrema pobreza, a fragilidade
dos direitos de propriedade, o acesso deficiente aos mercados e serviços
financeiros e a incapacidade para fazer face aos riscos.
A FAO faz também referência
à compra de grandes porções de terras, por parte de empresas privadas, em
alguns países. Se bem que esses investimentos "tenham uma repercussão
marginal na produção agropecuária mundial" terão um impacto a nível local
que a organização das Nações Unidas considera que pode ser negativo, social e
ambientalmente.
Se por um lado aumentam as
exportações, dão empregos e promovem a transferência de tecnologia, por outro
podem colidir com direitos dos tradicionais proprietários das terras e
"gerar efeitos ambientais negativos". A FAO defende que é necessário
melhorar a capacidade dos governos e comunidades locais para negociar contratos
e fazê-los respeitar.
Diz ainda o relatório que o
crescimento da procura de produtos agrícolas nas próximas décadas levará a uma
maior pressão sobre os solos, pelo que são necessários investimentos na
conservação dos recursos naturais e numa produção sustentável.
"Para acabar com a fome
de uma forma sustentável, é necessário aumentar significativamente os
investimentos na Agricultura e, o mais importante, deverá melhorar-se a
qualidade dos investimentos", diz o documento.
E depois, diz também a FAO,
são os agricultores a maior fonte de investimento na Agricultura, apesar dos
investimentos estrangeiros e das ajudas ao desenvolvimento, "pelo que
devem de ocupar um lugar central em toda a estratégia" e usufruir de um
bom ambiente económico.
As condições para tal
ambiente "são conhecidas, mas ignoradas com demasiada frequência",
diz a FAO. E dá exemplos do que muitas vezes existe: má governação, ausência de
um Estado de Direito, altos níveis de corrupção, direitos de propriedade pouco
seguros, normas comerciais arbitrárias, imposição de elevadas cargas fiscais,
ou falta de infraestruturas e serviços públicos adequados nas zonas rurais.
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