domingo, 16 de dezembro de 2012

APOIAR A AGRICULTURA É REDUZIR A POBREZA E A FOME


O relatório anual da FAO (ONU) chama a atenção para a necessidade de se retomarem os investimentos na agricultura, na investigação para se conseguirem ganhos de produtividade, mas também na educação e em infraestruturais agrícolas, designadamente caminhos rurais.
Optamos por reproduzir aqui o texto integral daquela notícia pois o sector agrícola é um dos que mais contribui no nosso concelho para a sua dinamização económica e para o emprego de parte importante da nossa população activa.


No relatório anual da organização hoje divulgado em Roma, sob o lema "Investir na Agricultura para um futuro melhor", a FAO afirma que há cada vez menos investimento proporcional e menos percentagem da população no setor agrícola e deixa conselhos, um deles o de ter em conta as decisões dos agricultores nas políticas agrícolas dos países pobres.


A FAO aconselha também que os recursos públicos sejam usados mais eficazmente, afirmando que é mais útil apoiar a investigação para melhorar a produtividade, e investir em caminhos rurais e na educação, do que pagar subsídios (para fertilizantes, por exemplo).
Os subsídios "podem ser politicamente populares" mas não costumam ser a melhor forma de utilizar dinheiros públicos, e acabam por norma "nas mãos das elites rurais", diz o documento.
"O investimento na Agricultura é fundamental para promover o crescimento agrícola, reduzir a pobreza e a fome e favorecer a sustentabilidade ambiental. As regiões do mundo onde há hoje mais fome e pobreza extrema, concretamente na Ásia Meridional e na África Subsaariana, registaram uma estagnação ou diminuição dos índices de investimento por trabalhador na agricultura ao longo de três décadas", alerta o relatório.
Por isso, acrescenta, para erradicar a fome nestas e noutras regiões é necessário um "aumento significativo" dos investimentos na Agricultura.
O problema, diz o documento, é que os agricultores de muitos países pouco desenvolvidos enfrentam obstáculos como o escasso investimento público no setor, a extrema pobreza, a fragilidade dos direitos de propriedade, o acesso deficiente aos mercados e serviços financeiros e a incapacidade para fazer face aos riscos.
A FAO faz também referência à compra de grandes porções de terras, por parte de empresas privadas, em alguns países. Se bem que esses investimentos "tenham uma repercussão marginal na produção agropecuária mundial" terão um impacto a nível local que a organização das Nações Unidas considera que pode ser negativo, social e ambientalmente.
Se por um lado aumentam as exportações, dão empregos e promovem a transferência de tecnologia, por outro podem colidir com direitos dos tradicionais proprietários das terras e "gerar efeitos ambientais negativos". A FAO defende que é necessário melhorar a capacidade dos governos e comunidades locais para negociar contratos e fazê-los respeitar.
Diz ainda o relatório que o crescimento da procura de produtos agrícolas nas próximas décadas levará a uma maior pressão sobre os solos, pelo que são necessários investimentos na conservação dos recursos naturais e numa produção sustentável.
"Para acabar com a fome de uma forma sustentável, é necessário aumentar significativamente os investimentos na Agricultura e, o mais importante, deverá melhorar-se a qualidade dos investimentos", diz o documento.
E depois, diz também a FAO, são os agricultores a maior fonte de investimento na Agricultura, apesar dos investimentos estrangeiros e das ajudas ao desenvolvimento, "pelo que devem de ocupar um lugar central em toda a estratégia" e usufruir de um bom ambiente económico.
As condições para tal ambiente "são conhecidas, mas ignoradas com demasiada frequência", diz a FAO. E dá exemplos do que muitas vezes existe: má governação, ausência de um Estado de Direito, altos níveis de corrupção, direitos de propriedade pouco seguros, normas comerciais arbitrárias, imposição de elevadas cargas fiscais, ou falta de infraestruturas e serviços públicos adequados nas zonas rurais.

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