quinta-feira, 23 de agosto de 2012

TRABALHAR E LEVAR FARNEL

(Museu e casa tradicional, Glória do Ribatejo)


A Associação para a Defesa do Património Etnográfico e Cultural da Glória do Ribatejo vai ter, durante as Festas em Honra de Nossa senhora da Glória, uma exposição intitulada “O trabalho de farnel aviado”, que será inaugurada no próximo sábado, dia 25 de Agosto, a partir das 17.30 h.


Na brochura que divulga a iniciativa pode ler-se: "A Glória do Ribatejo teve na agricultura o seu grande meio de subsistência. Sem grandes lavradores e casas agrícolas na comunidade, muitos glorianos eram obrigados a procurar trabalho para os proprietários agrícolas da região: Casa Cadaval; Prudêncio da Silva, Liques, Oliveira e Sousa entre muitos outros.
Estes lavradores detinham grandes extensões de terrenos nas lezírias de Vila Franca de Xira, Benfica do Ribatejo ou Almeirim, obrigando desta forma os ranchos glorianos a trabalharem nestes locais, e a ficarem fora da Glória do Ribatejo durante 15 dias ou mais tempo. Este tipo de trabalho era designado de «farnel aviado», nome que provém dos grandes sacos (farnel) que levavam os mantimentos essenciais (o avio) para as suas longas estadias nos campos.


(...) A celebração deste contrato era feita de forma verbal e selava-se com uma molhadura, para os homens vinho e para as mulheres linhas de várias cores para bordarem.
Ranchos de homens de alforges aos ombros e mulheres com farnéis à cabeça ou à ilharga partiam a pé para os campos, percorrendo cerca de 20 a 30km. A aldeia nesta altura ficava com uma aparência estranha de quase abandono, apenas ficavam os idosos já gastos para o trabalho, crianças de terna idade que ainda não tinham idade nem corpo para trabalharem.


(...) Durante a sua estadia fora da terra ficavam alojados num quartel para trabalharem do nascer ao pôr-do-sol. A grande exigência dos ranchos da Glória era terem um quartel separado dos outros ranchos de trabalhadores.
Nas décadas de 60 e 70 com as alterações sociais, económicas e políticas ocorridas na sociedade portuguesa alteraram por completo o sector agrícola. As praças da jorna desaparecem, os grandes ranchos da Glória que ficavam semanas fora, também acabam. Agora deslocam-se para o trabalho em camionetas ou tractores e regressam diariamente a casa.
Nestas décadas é introduzida um novo produto agrícola no Ribatejo, o tomate, que mobilizou mão-de-obra das mulheres glorianas. Era um trabalho esgotante e cansativo, as mulheres vergadas sob o sol escaldante de Agosto apanhavam e carregavam à cabeça canecos e grades cheias de tomate. (...)".


Se puder, por estes dias, ir às Festas da Glória do Ribatejo, onde pode optar por um dos três palcos que ali são instalados - palco principal, palco jovem e palco típico (Chaparrão) - recomendo visite o museu onde estará esta exposição e aproveite também para ver a casa tradicional desta povoação.

4 comentários:

  1. Mais uma grande Iniciativa da nossa Associação. Já agora qual é o subsidio anual atribuido pela Câmara Municipal?

    Viva a Festa. A Glória é um Mundo!

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  2. Boa noite
    Não responde porquê??

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  3. Julguei tratar-se de uma pergunta retórica!... Até porque aqui vamos dando conta da atribuição de subsídios pela Câmara há medida que eles ocorrem e se acompanhar este espaço saberá que tanto quanto a memória alcança a Câmara Municipal não atribuiu subsídio(s) à Associação.
    Para mais informações sugiro contacte os órgãos sociais da Associação até para o caso de querer perceber porque, sendo assim, surge no cartaz deste evento uma referência ao apoio daquela autarquia, matéria em que não posso elucidá-lo. Obrigado.

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