domingo, 12 de agosto de 2012

RAINHAS OU ESCRAVAS DO LAR?


No que toca ao número de horas de trabalho - incluindo o exercício da profissão, o trabalho doméstico e ao cuidado com os filhos - as mulheres portuguesas trabalham, em média, mais 13 horas semanais do que os homens. A diferença tem vindo a regredir, felizmente!...

(Imagem: Monkey Business - Fotolia; Monkey Business Images)

O relatório anual do Observatório das Famílias e das Políticas de Família (OFAP) diz que “a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho é pautada por diferenças de género de ordem vária: as mulheres têm remunerações mais baixas, posições mais desqualificadas e mais precárias e trabalham, em média, menos quatro horas semanais do que os homens”.
Contudo, Portugal está muito longe da diferença de 10 horas de trabalho entre homens e mulheres registada em países como a Irlanda, a Alemanha e a Holanda, em parte resultante do forte peso que o trabalho feminino a tempo parcial tem nestes países, adianta o documento publicado no site da OFAP.
Relativamente ao cuidado com os filhos, os homens portugueses dedicam, em média, 16 horas por semana a esta tarefa, estando ainda longe das 23 horas registadas pelas mulheres, em valores médios.
“Esta distância de sete horas entre os cuidados prestados no feminino e no masculino é inferior à diferença média europeia de doze horas, e está longe da de países em que atinge valores muito superiores, como a Noruega, a Estónia ou a Holanda”, refere o relatório elaborado por Karin Wall, Sofia Aboim, Mafalda Leitão e Sofia Marinho.
Embora os noruegueses e os holandeses ultrapassem largamente a média europeia de 18 horas de cuidados no masculino, ao contrário dos portugueses, que estão ligeiramente abaixo da média, curiosamente, nestes países, a diferença entre homens e mulheres é muito superior à portuguesa, assim como é superior o número de horas de cuidados prestados pelas mulheres.
Segundo o relatório, esta situação pode, em parte, ser explicada pelas especificidades dos regimes de trabalho e de género e das políticas públicas de articulação trabalho/família destes países.
No que toca ao número de horas de trabalho doméstico, as mulheres portuguesas trabalham, em média, mais 10 horas do que os homens, embora esta diferença tenha diminuído três horas, em relação aos valores médios de 2002.
No entanto, esta diminuição deve-se à redução do número de horas de trabalho doméstico que as mulheres fazem, que passou de 20 para 17 horas, aproximando-se da média europeia de 16 horas, e não ao aumento da participação dos homens nestas tarefas, que se mantém nas sete horas, situando-se ligeiramente abaixo da média europeia (oito horas).
Os resultados provisórios do Censo 2011 indicam que 12 por cento da população possui o ensino superior e, desta, 61% são mulheres, “retratando o protagonismo feminino na profunda alteração ocorrida na estrutura de qualificações da população portuguesa”.
A maior percentagem de atividade feminina (88%) encontra-se na faixa etária dos 25 aos 34 anos, fase da vida pessoal em que se tende a entrar na vida conjugal e a ter filhos, mantendo-se nos 87% na faixa dos 35/44 anos, em que muitas mulheres ainda estão a ter filhos ou têm filhos em idade escolar.

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