No
que toca ao número de horas de trabalho - incluindo o exercício da profissão, o
trabalho doméstico e ao cuidado com os filhos - as mulheres portuguesas
trabalham, em média, mais 13 horas semanais do que os homens. A diferença tem
vindo a regredir, felizmente!...
(Imagem:
Monkey Business - Fotolia; Monkey Business Images)
O
relatório anual do Observatório das Famílias e das Políticas de Família (OFAP)
diz que “a participação de homens e mulheres no mercado de trabalho é pautada
por diferenças de género de ordem vária: as mulheres têm remunerações mais
baixas, posições mais desqualificadas e mais precárias e trabalham, em média,
menos quatro horas semanais do que os homens”.
Contudo,
Portugal está muito longe da diferença de 10 horas de trabalho entre homens e
mulheres registada em países como a Irlanda, a Alemanha e a Holanda, em parte
resultante do forte peso que o trabalho feminino a tempo parcial tem nestes
países, adianta o documento publicado no site da OFAP.
Relativamente
ao cuidado com os filhos, os homens portugueses dedicam, em média, 16 horas por
semana a esta tarefa, estando ainda longe das 23 horas registadas pelas
mulheres, em valores médios.
“Esta
distância de sete horas entre os cuidados prestados no feminino e no masculino
é inferior à diferença média europeia de doze horas, e está longe da de países
em que atinge valores muito superiores, como a Noruega, a Estónia ou a
Holanda”, refere o relatório elaborado por Karin Wall, Sofia Aboim, Mafalda Leitão
e Sofia Marinho.
Embora
os noruegueses e os holandeses ultrapassem largamente a média europeia de 18
horas de cuidados no masculino, ao contrário dos portugueses, que estão
ligeiramente abaixo da média, curiosamente, nestes países, a diferença entre homens
e mulheres é muito superior à portuguesa, assim como é superior o número de
horas de cuidados prestados pelas mulheres.
Segundo
o relatório, esta situação pode, em parte, ser explicada pelas especificidades
dos regimes de trabalho e de género e das políticas públicas de articulação
trabalho/família destes países.
No
que toca ao número de horas de trabalho doméstico, as mulheres portuguesas
trabalham, em média, mais 10 horas do que os homens, embora esta diferença
tenha diminuído três horas, em relação aos valores médios de 2002.
No
entanto, esta diminuição deve-se à redução do número de horas de trabalho
doméstico que as mulheres fazem, que passou de 20 para 17 horas, aproximando-se
da média europeia de 16 horas, e não ao aumento da participação dos homens
nestas tarefas, que se mantém nas sete horas, situando-se ligeiramente abaixo
da média europeia (oito horas).
Os
resultados provisórios do Censo 2011 indicam que 12 por cento da população
possui o ensino superior e, desta, 61% são mulheres, “retratando o protagonismo
feminino na profunda alteração ocorrida na estrutura de qualificações da
população portuguesa”.
A
maior percentagem de atividade feminina (88%) encontra-se na faixa etária dos
25 aos 34 anos, fase da vida pessoal em que se tende a entrar na vida conjugal
e a ter filhos, mantendo-se nos 87% na faixa dos 35/44 anos, em que muitas
mulheres ainda estão a ter filhos ou têm filhos em idade escolar.
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