Sabemos
todos bem quanto têm falhado as estimativas governamentais para arrecadar
impostos, para prever os números do desemprego, para avaliar a real situação
económica do País. Depois de tantos sacrifícios ver “deslizar” (de novo) o
défice público não é seguramente uma boa notícia e muito menos um indicador de
sucesso!...
Afirmar
ou tentar justificar a publicação da Lei 22/2012 - que determina as condições
para as agregações de freguesias – com a possibilidade de o Orçamento do Estado
vir a poupar anualmente 10 milhões (ou 6,5 milhões de euros, como diz a ANAFRE)
é uma falácia.
Primeiro
porque isso só pode ser verificado depois de se saber ao certo que uniões de
freguesias acontecerão. Segundo
porque dessas uniões vão resultar freguesias de maiores dimensões e isso,
aliado às prometidas novas competências para as freguesias, vai obrigar a que
passemos a ter mais presidentes de junta de freguesia a tempo inteiro ou a
tempo parcial, naturalmente, com maiores custos para o erário público, o que
não pode estar contabilizado neste cálculo governamental, pois é uma decisão que só pode ser tomada pelas
“novas” Assembleias de Freguesia. Depois
porque o estudo não coloca no outro prato da avaliação o que se perde em afastarmos
os autarcas das populações, não contabiliza a perda de eficácia do serviço
público que lhes é prestado e nem sequer entra em linha de conta com os gastos
acrescidos que o País tem com o tempo perdido pelas populações e o consumo de
combustíveis a que estão obrigadas para deslocações até à sede da nova freguesia,
quando antes a tinham muito mais próxima das suas habitações.
Este
caminho não é o que teríamos defendido.
Os critérios consignados na lei não tratam de forma igual o que é igual. Há
freguesias com centenas e milhares de habitantes que vão acabar por ter de se
unir, enquanto em concelhos vizinhos isso não sucede! Uma poupança como esta,
de tão pequena expressão, não justifica o dano que vai causar nas populações. É
o património histórico, os usos e os costumes, são até valores de representação
democrática e de confiabilidade nas instituições do Estado que são postas em
causa pelas populações afectadas, ainda mais numa altura tão difícil em que o
papel das autarquias e a proximidade dos autarcas ajuda a minimizar prejuízos,
frustrações e incompreensões.
A
maioria PSD/CDS tenta com este tipo de notícias – que seguidamente publicamos –
fundamentar a decisão (infeliz) que tomou, mas creio bem que teria sido
preferível tentar poupar essa verba – se isso fosse absolutamente necessário -
transferindo para as câmaras municipais e destas, por delegação, para as juntas
de freguesia - aproveitando os equipamentos, as instalações e os funcionários
das autarquias - mais alguns serviços/competências da administração regional e
central e dessa forma obter poupanças na gestão da coisa pública ao nível do
OE. Esta solução já começou a ser “testada” com resultados positivos, pois já
há algumas sedes das juntas de freguesia que começam a ser pequenos balcões de
atendimento aos cidadãos em áreas como serviços de correios, de segurança
social, de apoio aos desempregados, entre outros.
O Governo estima obter com
a fusão das autarquias uma poupança de 10 milhões de euros ao ano, um valor
acima dos 6,5 milhões de euros que foi apontado pela associação que representa
aquelas entidades autárquicas. A estimativa do Governo, a que o Diário
Económico teve acesso, diz respeito a uma poupança directa, já que são
esperadas maiores poupanças com a racionalização de meios que o Executivo
acredita derivar da redução, por agregação, do número de autarquias em mais de
mil - passam de 4.295 para 3.266.
Quem contesta esta
estimativa é a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE). "A poupança
directa pode andar pelos 6,5 milhões, nunca 10 milhões, mas se o Governo
contabilizar o impacto que terá a eliminação de serviços, esta reforma trará
prejuízos e não poupança", reagiu ao Diário Económico o presidente da
associação, Armando Vieira, que tem exigido ao Governo a transferência de competências
dos municípios para as freguesias.
O Ministério dos Assuntos
Parlamentares, que tutela a Administração Local e que está a dirigir a reforma
administrativa, já concluiu a definição dessas novas competências para reforçar
o papel das freguesias.
Boa tarde
ResponderEliminarJá enviaram para "Lisboa" a deliberação tomada na Assembleia Municipal?!
Boa tarde. Vão ser, creio, os serviços camarários que apoiam a Assembleia Municipal (AM) a remeter a documentação que for necessária para a Assembleia da República.
ResponderEliminarHá ainda alguns passos a dar que, no essencial, se prendem com a redacção final da pronúncia da AM e, por outro lado, com a possibilidade que - em face daquela deliberação da AM - a Assembleia de Freguesia do Granho passou a ter de escolher a freguesia com a qual prefere unir-se - Muge, Marinhais ou Glória do Ribatejo, formando com uma delas a nova freguesia. Se não houver qualquer decisão da AF ou da AM, o Granho vai por imposição da malfadada Lei 22/2012 unir-se com a freguesia de Muge.
Entretanto os autarcas socialistas já sugeriram ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal que envie a documentação (coligida e a reunir) o mais próximo possível do final do prazo legal, para que o nosso concelho não deixe de beneficiar de qualquer alteração ou "travagem" da aplicação daquele normativo legal. É o que sei de momento.
Tanta pressa para a AM se pronunciar e agora tanta espera pelo fim do prazo?
ResponderEliminarA Assembleia Municipal tomou uma decisão política que depois tem de ser operacionalizada. Entretanto já as Assembleias de Freguesia de Foros de Salvaterra e da Glória do Ribatejo aprovaram unanimemente esta estratégia. A Assembleia de Freguesia do Granho vai ter de decidir se quer ou não pronunciar-se, como referi no comentário anterior. Estes são os tempos que as deliberações demoram. A decisão da AM definiu um caminho político que visa minimizar o impacto sobre as nossas freguesias de uma lei injusta. A AM, estou convicto, vai cumprir o prazo máximo que a lei permita. Obrigado pelo seu alerta.
ResponderEliminarHá que referir o recente cartaz do BE, não fazem nada para combater a lei, esclarecer as populações mobiliza-las a lutar, mas marcam posição com cartazes, "um por todos, todos por um". Depois é o que é, presidentes da junta ps pa um lado be para o outro, pronuncias de AM num sentido em AF noutro
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