domingo, 12 de agosto de 2012

OBSERVAR O ESPAÇO


Telescópios cada vez mais potentes vão-nos dando algumas respostas a teorias que durante muitos anos estudiosos ousaram admitir. Com o estudo destas galáxias “demos [diz um dos autores do mesmo] um passo crucial na direção da revelação e compreensão das obscuras fases iniciais da formação das galáxias e de como as galáxias adquirem os seus gases”.


O Observatório Europeu do Sul anunciou hoje no seu sítio Web a primeira observação direta de galáxias escuras.
Trata-se de um tipo de pequenas galáxias ricas em gás mas que praticamente não tem estrelas, o que as torna difíceis de detetar. A existência destas galáxias, que se pensa estarem na base da formação das galáxias atuais como fonte do gás que deu origem às estrelas que vemos hoje, encontra-se prevista pelas teorias da formação de galáxias, mas não tinha sido, até à data, confimada.
Este feito tecnológico foi conseguido pela dupla formada por Sebastiano Cantalupo (Universidade da Califórnia, EUA) e Simon Lilly (ETH – Instituto Federal de Tecnologia Suíço) recorrendo ao super-telescópio VTL (do inglês Very Large Telescope) do Observatório Europeu do Sul.
A observação direta das galáxias escuras foi concretizada através da deteção do ténue brilho florescente emitido por estas galáxias graças ao seu conteúdo em hidrogénio como resultado da incidência, sobre elas, da luz de um quasar, uma galáxia próxima muito luminosa, identificado como HE 0109-3518.


No total, dos 100 objetos gasosos detetados e mapeados com recurso ao instrumento FORS2 a pouco milhões de anos-luz deste quasar, confirmou-se que 12 são galáxias escuras.


Sebastiano Cantalupo explica o significado da construção deste mapa  “As nossas observações com o VLT fornecem provas da existência de nuvens negras compactas e isoladas”.
A investigação permitiu ainda concluir que as galáxias escuras em causa são constituídas por 1 milhão de vezes mais gases do que o Sol, como é característico das galáxias pequenas e ricas em gases do princípio do Universo, e que a sua eficiência na formação de estrelas é mais de 100 vezes inferior à das galáxias formadoras de estrelas que se encontram na mesma fase da história cósmica.
Perante os resultados da investigação levada a cabo, que vão ser anunciados no boletim Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, o coautor Sebastiano Cantalupo não hesita em afirmar “Com este estudo, demos um passo crucial na direção da revelação e compreensão das obscuras fases iniciais da formação das galáxias e de como as galáxias adquirem os seus gases”.

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