No início do período
Permiano ou Pérmico, a Terra apresentava um continente único, chamado Pangea
[do grego pan = toda + gea = terra]. Em formato alongado, esse continente se
estendia do pólo norte até o pólo sul e o restante da superfície do planeta
Terra era coberto por uma imensa massa de água; um oceano único chamado
Panthalassa [do grego pan = todo + thalassa = oceano]. A excepção era um
pequeno mar situado na região a leste da Pangea, chamado Tethys, que hoje é
denominado de Mar Mediterrâneo.
A crise no fim do período Pérmico foi de longe a crise mais
dramática que a vida na Terra enfrentou. Uma série de acontecimentos ambientais
adversos como aquecimento global, chuva ácida, acidificação e falta de oxigénio
no oceano provocaram a morte de 90% dos seres vivos na terra e no mar. A
vida quase terminou há cerca de 250 milhões de anos.
Num artigo publicado na revista Nature Geoscience, a dupla de cientistas
Zhong Chen-Qiang da Universidade de Geociências chinesa e Michael Benton da
Universidade de Bristol indicam que a recuperação da vida após a extinção em
massa demorou cerca de 10 milhões de anos.
“É difícil
imaginar como tanta vida foi destruída mas não há dúvida, por alguns segmentos
de rocha da China e noutros locais à volta do mundo, que esta foi a maior crise
que a vida alguma vez enfrentou”, explicou Chen.
Os cientistas
apontam dois motivos possíveis para o atraso do regresso da vida: a intensidade
absoluta da crise e as condições adversas na Terra após a primeira onda de
extinção.
A pesquisa
atual indica que as condições adversas na Terra mantiveram-se cerca de cinco a
seis milhões de anos depois da crise inicial, com crises de carbono e oxigénio
frequentes, aquecimento e outros eventos nocivos.
Alguns grupos
de animais no mar e terra recuperaram rapidamente e começaram a reconstruir os
seus ecossistemas mas sofreram novos retrocessos. A vida não recuperou
verdadeiramente nestas fases iniciais porque ainda não estavam estabelecidos
ecossistemas permanentes.
Benton,
professor de paleontologia de vertebrados explicou que “ quando a vida parecia
estar a voltar à normalidade surgia uma nova crise e ocorria novo retrocesso.
As crises de carbono foram repetidas várias vezes e as condições só
normalizaram outra vez após cinco milhões de anos.”
Finalmente,
quando as crises ambientais deixaram de ser tão graves, surgiram ecossistemas
mais complexos. No mar apareceram novos grupos, como caranguejos e lagostas
ancestrais, assim como os primeiros répteis marinhos.
“Vemos sempre
as grandes extinções em massa como eventos totalmente negativos mas mesmo neste
caso mais devastador, a vida recuperou, após milhões de anos e, surgiram novos
grupos. O evento reajustou a evolução. Contudo, as causas de morte, aquecimento
global, chuvas ácidas e acidificação dos oceanos soam-nos bastante familiares.
Talvez possamos aprender alguma coisa com estes eventos antigos.”
(Este artigo foi publicado na revista Nature Geoscience Poderá aceder ao resumo do artigo no endereço electrónico http://www.nature.com/ngeo/journal/vaop/ncurrent/full/ngeo1475.html).
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