Uma
neurocientista britânica afirma que a Internet,
em particular as redes sociais e os videojogos, induzem efeitos bioquímicos no
cérebro próximos dos provocados pelo consumo de drogas. Uma opinião que importa
confirmar cientificamente, mas que não devemos desconsiderar liminarmente!
Para ela, há razões
para acreditar que a vida virtual está a criar uma geração de pessoas menos
inteligentes e menos capazes de empatia - um ponto de vista que já lhe rendeu
desafectos dentro e fora da comunidade científica.
A baronesa Greenfield,
que lecciona na Universidade de Oxford (Reino Unido), está no Brasil para o
ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento. A sua conferência na Sala São
Paulo, na capital paulista, acontece hoje.
«Comecei a
discutir esse assunto em 2009, na Câmara dos Lordes [órgão do Parlamento
britânico do qual ela faz parte], quando houve um debate sobre a regulação do
uso da Internet e possíveis efeitos nocivos de seu uso sobre crianças», frisou
Susan Greenfield.
Como neurocientista, o
que levei em consideração nesse debate é o facto de que o cérebro humano
evoluiu para responder a estímulos muito diferentes dos que estão a afectar o
desenvolvimento das crianças de hoje. «Isso não é um julgamento de valor, é
apenas um facto», sustenta.
E olhando-se para a
literatura científica recente, há sinais consideráveis de mudanças, embora
obviamente precisemos de mais estudos para entender exactamente o que está a
acontecer
Sabemos, por exemplo,
frisou, que o uso de redes sociais e de videojogos pode ter efeitos bioquímicos
muito parecidos com os do vício em drogas no cérebro. No ano passado, um
trabalho com tomografias mostrou anormalidades estruturais ligadas a esse tipo
de comportamento.
Também há testes que
mostram um aumento de problemas de compreensão verbal e um declínio na
capacidade de empatia.
«É claro que as pessoas
podem dizer que se trata de uma relação, que não necessariamente uma coisa
causa a outra. É um argumento válido, mas também é o mesmo argumento que as
pessoas usavam nos anos 1950 a respeito da relação entre tabaco e cancro do
pulmão - até os epidemiologistas mostrarem que a relação realmente envolvia uma
causa e um efeito», enfatizou.
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