domingo, 23 de setembro de 2012

PRIMATAS DIFERENTES ENRE IGUAIS


O presente estudo parece ter recolhido elementos que contrariam a ideia da existência de uma inteligência geral (como se refere na notícia que se publica seguidamente) no seio dos primatas. A ser verdade essa conclusão não deixa de ficar por explicar a existência de uma chimpanzé cujas performances ultrapassam as dos seus pares!...


Foi recentemente publicado na revista Philosophical Transactions of the Royal Society B. um novo estudo sobre a inteligência no nos primatas não-humanos mais próximos de nós, isto é, os chimpanzés e os bonobos.
A investigação levada a cabo por cientistas do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva envolveu a aplicação de testes cognitivos a um total de 129 animais mantidos em cativeiro, 106 dos quais são chimpanzés resgatados que vivem nos santuários de Ngamba Island (Uganda) e Tchimpounga (Congo), e 23 são chimpanzés e bonobos que vivem na Alemanha.
Os resultados revelam que a performance de um determinado animal num teste não permite prever o seu desempenho num teste diferente, ou seja, que o facto de um animal ser bom na resolução de um determinado problema não significa que vá sair-se bem noutro problema distinto.
“Não encontrámos nenhum fator de inteligência geral. Em vez disso, detetámos alguns núcleos formados por certas capacidades, nomeadamente [a capacidade de fazer] inferências, de aprender e, talvez, de uso de ferramentas e [a compreensão] de quantidades”, escrevem os autores do estudo.
No entanto, os investigadores detetaram uma grande variabilidade entre os indivíduos, sendo que um, em particular, se destacou dos restantes pela positiva. Trata-se de uma jovem fêmea de nome Natasha que habita no santuário de Ngamba Island e que é o indivíduo do seu grupo que os tratadores consideram o mais esperto tendo em conta a sua experiência de contato com a fêmea no dia-a-dia – a Natasha já conseguiu escapar do seu recinto e é conhecida por “fazer troça” dos tratadores.
Estes resultados contrastam com os de outras investigações sobre a inteligência dos chimpanzés, que sugerem a existência de uma inteligência geral, mas os autores alertam que estes estudos utilizaram uma abordagem de grupo e não individual, pelo que as investigações não são diretamente comparáveis.
Os investigadores envolvidos no presente estudo não conseguiram identificar a razão pela qual Natasha parece ser mais inteligente que os restantes indivíduos com quem convive, sugerindo que a motivação e o temperamento estão, provavelmente, envolvidos.
No futuro é sugerido, pelos autores, que se deve continuar a recorrer à aplicação de testes múltiplos indivíduos e que envolvam múltiplas tarefas que permitam avaliar a influência que os fatores cognitivos, motivacionais e temperamentais têm no desempenho, inclusive em espécies distintas em "provas" de inteligência.


[Pode ler o resumo do artigo científico em http://rstb.royalsocietypublishing.org/content/367/1603/2753]

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