O
supertelescópio ALMA, na imagem acima, fica a 5.000 metros de altitude, nos
Andes, em território chileno que se situa perto da fronteira com a Bolívia. Os
astrónomos e técnicos que ali trabalham (e trabalharão) não ficarão na montanha
mais de 14 dias seguidos, pois têm necessidade de regressar, findo esse período
de tempo, ao nível das águas do mar, para recuperarem.
O
ALMA vai detectar radiação semelhante a microondas — cerca de mil vezes mais
longas do que a luz que enxergamos, mas facilmente absorvida pela água na
atmosfera, daí que não seja de estranhar que o local escolhido seja um dos mais
secos do planeta com cerca de metade do oxigénio que existe à cota do mar.
Astrónomos do
Observatório Europeu do Sul (ESO), organização a que Portugal pertence,
observaram pela primeira vez correntes de gás a fluirem num disco de poeira
cósmica à volta de uma estrela jovem, para alimentarem planetas gigantes
gasosos em formação.
As observações foram
feitas com o supertelescópio ALMA (Atacama
Large Millimeter/submillimeter Array), constituído por 66 antenas
parabólicas, que vai ser inaugurado em março no deserto do Atacama, no Chile,
mas que já se encontrar parcialmente em funcionamento.
A equipa internacional
de astrónomos considera esta etapa fundamental para a formação de planetas
gigantes gasosos como Júpiter, e o resultado da sua investigação foi publicado
na revista Nature.
Estrela jovem a 450 anos-luz da Terra
A estrela jovem
chama-se HD 142527, está localizada a mais de 450 anos-luz de distância da
Terra e encontra-se rodeada por um disco de gás e poeira cósmica, os
restos da mesma matéria partir da qual se formou.
As teorias mais
recentes defendem que os planetas gigantes gasosos crescem à medida que
capturam gás do disco exterior de uma estrela, em correntes que formam pontes
que atravessam o espaço entre este e o seu disco interior.
"Os astrónomos têm
vindo a prever a existência destas correntes, mas é a primeira vez que fomos
capazes de as ver diretamente", revela Simon Casassus, da Universidade do
Chile.
O papel do supertelescópio ALMA
O astrónomo, que
liderou a descoberta, acrescenta que "graças ao novo telescópio ALMA
pudemos obter observações diretas que comprovam as teorias actuais de formação
de planetas".
"Pensamos que
existe um planeta gigante escondido no interior do disco e que dá origem a
estas correntes", afirma por sua vez Sebastián Pérez, outro membro da
equipa internacional de astrónomos, que também pertence à Universidade do
Chile.
O ALMA resulta de uma
parceria entre a Europa, a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação
com a República do Chile, sendo financiado na Europa pelo ESO, na América do
Norte pela National Science Foundation (EUA) em cooperação com o Conselho
Nacional de Investigação do Canadá e no Leste Asiático pelos Institutos
Nacionais de Ciências da Natureza do Japão em cooperação com a Academia Chinesa
de Taiwan.
(Ler mais: http://expresso.sapo.pt/astronomos-descobrem-correntes-de-gas-a-mais-de-450-anos-luz=f777051#ixzz2GvoKk4J6)
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