Depois
de se concluir que havia ainda hoje água na Lua, conclui-se agora que a sua
origem na Terra e no seu satélite são comuns. A notícia que de seguida se
publica dá-nos conta das diversas teorias científicas que tentam explicar aquela
origem.
Uma
pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista Science mostrou que a água presente na Lua tem a
mesma origem que a encontrada no planeta Terra. Ambas teriam sido trazidas por
pequenos meteoritos chamados condritos carbonácios, que atingiram a região
cerca de 100 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Os pesquisadores
chegaram a essa conclusão após analisar a composição química de rochas lunares
coletadas durante as missões Apollo 15 e 17, realizadas no começo da década de
1970, e perceber que ela era semelhante à da água encontrada na Terra e nos
meteoritos.
Segundo
pesquisas anteriores, a Lua teria se formado a partir de um disco de detritos
expelido quando um corpo imenso — do tamanho de um planeta — atingiu a Terra, há
cerca de 4,5 bilhões de anos. Os cientistas assumiam que o
calor provocado por esse impacto teria feito com que todo o hidrogénio presente
no local atingido evaporasse, e a Lua fosse um satélite completamente seco.
Pesquisas recentes da Nasa, no entanto, mostraram que a Lua possui água tanto
em sua superfície quanto em seu interior.
Ao
mostrar que a água presente na Lua e na Terra tem a mesma origem, o estudo
oferece evidências de que o satélite nunca — ou por muito pouco tempo — esteve
seco. "A explicação mais simples para o que encontramos é que já existia
água na Terra na época do impacto gigantesco. Um pouco dessa água teria
sobrevivido ao impacto, e é isso que vemos na Lua", diz Alberto Saal, a
geoquímico de Universidade Brown, nos Estados Unidos, e um dos autores da
pesquisa. Outra hipótese é que tanto a Lua quanto a Terra teriam sido atingidos
pela mesma família de meteoritos pouco tempo depois de terem se separado.
Cometas
contra meteoritos — Para
descobrir a origem da água na Lua, os pesquisadores analisaram fragmentos de
rochas vulcânicas coletadas pelas missões da Nasa. Como esses pequenos
fragmentos estavam encapsulados dentro de cristais, a água não evaporou com o
passar do tempo, mantendo uma composição semelhante a que deve ser encontrada
no interior do satélite. Uma pesquisa de 2011 já havia mostrado que essas
rochas possuem muita água — em quantidade semelhante à encontrada em rochas
vulcânicas formadas no fundo dos oceanos da Terra.
Os
cientistas compararam a quantidade de hidrogénio presente nessas amostras com a
de deutério — um isótopo do hidrogénio, com um nêutron a mais que o elemento
original. Os pesquisadores já sabiam que as moléculas de água originadas em
diferentes locais do Sistema Solar têm diferentes proporções de deutério em sua
composição. Em geral, as amostras formadas mais perto do Sol têm uma quantidade
menor do elemento do que as formadas em locais distantes.
Como
resultado das análises, os pesquisadores descobriram que as proporções de
deutério e hidrogénio nas amostras lunares eram relativamente baixas,
semelhantes às encontradas na água terrestre e nos condritos carbonáceos. Esses
meteoritos são originários do Grande Cinturão de Asteroides entre Marte e
Júpiter e são conhecidos como alguns dos objetos mais antigos do sistema solar.
Uma
outra teoria que existia para explicar a origem da água na Lua e na Terra é que
ela teria vindo de cometas — que também são conhecidos por carregar a
substância. No entanto, a maioria deles é formada em regiões muito distantes,
nos extremos do Sistema Solar, e possuem proporções muito grandes de deutério.
"Essa medidas foram muito difíceis de obter, mas esses dados são as
melhores evidências que possuímos até agora de que os condritos foram a fonte
comum de água na Terra e na Lua — e talvez até em todo o Sistema Solar",
diz Erik Hauri, pesquisador do Instituto Carnegie de Ciências, nos Estados
Unidos, que também participou do estudo.
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