Em post anterior, recorrendo à ajuda da
PORDATA (Base
de dados Portugal Contemporânea), demos nota do brutal
aumento do peso da despesa do Estado desde 1973 e procuramos agora continuar a
explicar as razões que - pelo menos em parte -
estiveram na origem deste aumento de encargos públicos. Em 25 de Novembro
falámos aqui da evolução na educação e desta vez o enfoque vai para a segurança
social. Ainda iremos ao tema da saúde.
Em
1983 o número de pensionistas era 41,7% da população activa. Em 1990 os
pensionistas eram metade da população activa (49,2%). Uma década depois eram
55,6% do número dos que trabalham, para em 2010 atingirem já 62,2%.
O
gráfico anterior é elucidativo quanto ao crescimento do número de pensionistas
em Portugal. Numa
única década - a de 70 - os pensionistas passaram de 3% (em 1970) para 21,6%
(em 1979). Hoje, cerca de 1/3 da população com 15 ou mais anos é pensionista da
Segurança Social.
Em
1960 Portugal tinha 100.000 pensionistas divididos em partes iguais pela
Segurança Social e pela Caixa Geral de Aposentações (CGA). Em 1973 havia
607.000 pensionistas, 13% dos quais da CGA. Hoje (2010) há quase 3,5 milhões de
pensionistas, sendo 2,9 milhões da Segurança Social. Destes, 1,9 milhões tem pensão de velhice, quase 0,3 milhões
“beneficia” de pensão de invalidez e
0,7 milhões de pensão de sobrevivência.
A
idade média de reforma por velhice na CGA é de 60 anos, enquanto na Segurança
Social, em 2010, é de 62,5 anos, enquanto no início deste século (2001) era
64,1 anos. Por invalidez, no mesmo período, a idade evoluiu dos 61,9 anos
(2001) para 54,6 anos (2010).
Beneficiam
ainda da Segurança Social, em 2010:
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Abono
de família e subsídio familiar a crianças e jovens …………………......
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1,24
milhões
|
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Subsídio
de desemprego …………….
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233
mil
|
□
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Subsídio
social de desemprego ,,,,,,,,,
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62
mil
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□
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Subsídio
parental inicial ………………
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149
mil
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□
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Subsídio
de doença ………………….
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546
mil
|
□
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Subsídio
de morte e funeral ………….
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97
mil
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□
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Subsídio
mensal vitalício ……………..
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12
mil
|
□
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Bonificação
por deficiência …………..
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75
mil
|
□
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Subsídio
por assistência de 3ª pessoa …
|
13
mil
|
[Faz-se
notar que os beneficiários das prestações de desemprego da Segurança Social,
acima referidos, representam apenas 57% dos desempregados inscritos nos Centros
de Emprego.]
No
quadro acima os leitores deste espaço ficam a saber que já são mais de ½ milhão
os portugueses que beneficiam de Rendimento Social de Inserção (RSI), o
sucedâneo do Rendimento Mínimo Garantido (RMG). Quase metade destes
beneficiários tem menos de 25 anos.
Pelo
que aqui mostrámos não é de estranhar que em 1960 as despesas com a Segurança
Social representassem 1,2% do PIB nacional, em 1973 ainda só 4,5%, em 1990 a
Segurança Social “custava” 7,6% do PIB, em 2000 já era 9,7% e em 2009 o valor
gasto com os apoios referidos é 17,5% do PIB de Portugal. Ou seja, gastamos
hoje –
para o que isso tem de positivo para as pessoas e de negativo para as contas do
Estado -
350 vezes mais com a Segurança Social que na véspera do 25 de Abril de 1974.
Depois de todo este relambório de dados Públicos, qual a sua opinião Sr Engº, qual é?????
ResponderEliminarDepreciar um trabalho de levantamento, análise e síntese que se iniciou em 16 de Novembro, prosseguiu em 25 de Novembro, continuou hoje e vai terminar em 9 de Dezembro não me parece a abordagem justa. O tratamento destes temas tem a máxima acuidade na altura em que se debate o OE. As pessoas devem saber que muita da despesa pública não resulta só de incapacidade dos nossos governantes pós-25 de Abril, mas também de serviços melhores que procuraram disponibilizar às populações na educação, na saúde, na protecção social.
ResponderEliminarMuito bem!
ResponderEliminarNão pretendo depreciar trabalho de ninguém!
Só queria saber a opinião do Sr. Engº sobre as mais variadas temáticas que relata!
Isso sim, considero, acrescentar valor!
Muitos são os anonimos que comentam este espaço, mas de quando em vez la vão dando os nomes.....
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