Na última edição do jornal FUNDAMENTAL está publicado um artigo de opinião que suscita algumas questões que vão partilhando o nosso dia-a-dia.
- A realidade tem-se mostrado bem mais penalizante para as pessoas do que aquilo que cada uma diz pretender. Culpa delas?!
- O que fazer então perante a nossa “culpa” colectiva e a nossa “inocência” individual?!
É já
um lugar-comum, de tão verbalizado a propósito de tudo e de nada, afirmar-se:
“as pessoas contam” ou “as pessoas estão em primeiro lugar”. O que parece é que
os próprios ainda não o sabem!
Desconhecem-no
os que se demitem de educar e acompanhar os filhos. Ignoram-no os que carecendo
de formação académica e/ou profissional optam por desistir de si mesmos.
Desprezam-no os que se limitam a reclamar e a exigir sem nada fazer para
alcançar. Desvalorizam-no os que por isto e por aquilo preferem não “arriscar”,
aguardando que outros – ainda que menos capazes ou menos preparados – o façam.
Desvirtuam-no, finalmente, os que sendo escolhidos pelos seus pares se esquecem
que os representam, omitam ou deturpam informação, manipulam os factos e abusam
do Poder que lhes foi confiado.
A
realidade tem-se mostrado bem mais penalizante para as pessoas do que aquilo
que cada uma diz pretender. Culpa delas?! Da sua apatia?! Da sistemática
responsabilização de outrem pelos insucessos?!
O
que fazer então perante a nossa “culpa” colectiva e a nossa “inocência”
individual?! Seria vantajoso que cada um se visse como uma peça que
compõe a engrenagem que influi a vida de todos (em sociedade) e entendesse que
a existência de uma ou outra peça menos afinada pode prejudicar o funcionamento
do conjunto. Não acredito, no entanto, que todos o façamos! Os líderes
políticos, de opinião ou de procedimentos – intermédios ou de topo – que deviam
incentivar e mobilizar, estão mais habituados a permitir ou a punir.
Esta
é a nossa principal limitação! Durante décadas fomos conduzidos, fizemos porque
éramos obrigados, precisámos de tutória. Creio que ainda não estamos habituados
a cuidar de nós próprios!
Libertamo-nos
da ditadura, prescindimos de grande parte dos valores morais da(s) igreja(s) e
da predominância que ela(s) tinha(m) na vida de muitos. Contestamos o
despotismo da autoridade, seja ela expressa sob a forma judicial, policial,
educacional e até das organizações. Prosseguimos agora com as críticas mais ou
menos fundamentadas às instituições democráticas, aos que escolhemos para
políticos e aos seus colaboradores.
Talvez
por isto, também, reine a confusão na economia, no sistema judicial, na
democracia representativa, nos empreendedores e um pouco em todo o mundo
ocidental. É mais um momento na história dos povos em que não é claro o
caminho. Os “guias” estão hesitantes. As pessoas ficam inquietas.
Só a assumpção da dimensão dos problemas encarando-os de frente, e não
de soslaio, permitirá – se for feita pela maioria – dar o primeiro passo para a
sua resolução, que é reconhecer que eles existem, que nos afectam e não só aos
outros. O que está longe de ser garantido é o resultado final. As pessoas
perderam a confiança e isso vai tornar mais doloroso o caminho. A todo o momento
questionaremos a opção, vários serão os que nos farão duvidar, é possível que
envoltos no ruído dos protestos e no nevoeiro dos argumentos comecemos a
ziguezaguear e o desejado final feliz tarde. Mas não tenhamos ilusões, de uma
forma ou de outra, vão ocorrer danos que poderão não ser só colaterais!
Sem comentários:
Enviar um comentário