Só é possível
tratar este problema social se começarmos por reconhecer que ele existe. O
estudo que justifica o artigo que de seguida publicamos é claro quanto às
consequências físicas e emocionais que o bullying pode causar aos adultos que
foram vítimas dessa violência.
Só a
condenação pública e a assumpção por TODOS de que este problema deve ser evitado,
poderá ajudar a erradicá-lo mais rapidamente das nossas escolas.
Há muito que se reconheceu que o bullying numa idade jovem representa um problema
para as escolas, para os pais e para os formuladores de políticas públicas.
Embora as crianças passem mais tempo com os seus pares do que os pais, há
relativamente poucos estudos publicados sobre a compreensão do impacto dessas
interações na vida para além da escola.
Os resultados de um novo estudo,
publicado na revista Psychological Science,
da Associação para a Ciência Psicológica,
destaca a medida em que o risco de problemas relacionados com a saúde, a
pobreza e as relações sociais é agravado pela exposição ao bullying. O estudo leva em consideração muitos
fatores que vão além de resultados relacionados com a saúde.
Dieter Wolke, da Universidade de Warwick,
no Reino Unido, e William E. Copeland, do Centro Médico da Universidade de Duke, nos Estados Unidos da
América, olharam para além do estudo das vítimas e investigaram o impacto sobre
todos os afetados: as vítimas, os próprios agressores e aqueles que se
enquadram em ambas as categorias, as chamadas «vítimas-bullies».
«Não podemos continuar a ignorar o bullying como sendo uma parte inofensiva, quase
inevitável, do crescimento», diz Dieter Wolke. «Precisamos de mudar esta
mentalidade e reconhecer o bullying como um problema sério tanto para o
indivíduo como para o país, já que os efeitos são duradouros e significativos.»
As « vítimas-bullies» apresentam um maior risco de problemas
de saúde na idade adulta, com uma probabilidade seis vezes mais elevada de
serem diagnosticados com uma doença grave, de serem fumadores regulares ou de
desenvolverem um distúrbio psicológico quando comparadas com adultos que nunca
se viram envolvidos em episódios de bullying.
Os resultados mostram que as «vítimas-bullies» são talvez o grupo mais vulnerável de
todos. Este grupo pode virar-se para o bullying depois de ser intimidado, uma vez que
pode não ter a regulação emocional ou o apoio necessário para lidar com o bullying.
«No caso das “vítimas-bullies”, o estudo mostra como o bullying pode alastrar-se quando não é tratado»,
acrescenta o investigador. «Algumas intervenções já estão disponíveis nas
escolas, mas são necessárias novas ferramentas para ajudar os profissionais de
saúde a identificar, monitorizar e lidar com os maus efeitos dobullying. O desafio que enfrentamos agora é
aplicarmos tempo e recursos a tais intervenções para tentar colocar um fim ao
assédio moral.»
Maria João Pratt
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