Poupar
dinheiro e poupar o ambiente parecem ser caminhos compatíveis, pondo fim a
décadas de escassez de investimento na “economia verde”, o que retardou o
desenvolvimento tecnológico e a opção por energias alternativas, ambientalmente
“limpas”. Reduzir as emissões de CO2, em Portugal, a metade parece ser um
objectivo atingível!...
Reduzir as emissões de CO2
em pelo menos 50% face a 1990 e diminuir a dependência energética do país na
mesma ordem de grandeza, poupando entre 500 e 1200 milhões de euros por ano em
importações, é um dos cenários possíveis do Roteiro Nacional de Baixo Carbono
2050 (RNBC), apresentado hoje [dia 2 de Julho] em Lisboa, na Representação da Comissão
Europeia em Portugal.
"Sem grandes esforços
adicionais em termos de investimento, é possível reduzir em 50% as emissões em
Portugal, com bom planeamento e boas políticas públicas", afirmou na
ocasião Pedro Afonso de Paulo, recordando que "as empresas que fizeram a
transição para modelos de baixo carbono têm-se tornado mais competitivas e
usaram as tecnologias já existentes".
Nesta transição, a economia
de baixo carbono pode ser também concretizada através de um maior
desenvolvimento de tecnologias comprovadas que já existem hoje "e é necessária
a contribuição de todos os setores económicos, incluindo a agricultura,
construção e transportes", acrescentou o secretário de Estado do Ambiente
e do Ordenamento do Território.
O governante sublinhou
também que "com a apresentação do RNCB, Portugal coloca-se na dianteira
entre os países membros da UE, organização que soube oportunamente avançar com
o roteiro a nível europeu".
Menos €240 milhões em danos na qualidade do ar
Além das poupanças
conseguidas na energia, o RNBC assinala que a adoção de uma trajetória de baixo
carbono contribui para melhorias ao nível da qualidade do ar, permitindo uma
diminuição dos custos dos danos associados à redução de emissões acidificantes
da ordem dos 195 a 240 milhões de euros por ano em 2050. E há ainda ganhos
adicionais em termos de saúde pública.
"Com este roteiro
queremos abrir um debate no nosso país no contexto do médio e longo prazo,
apesar das dificuldades que hoje sentimos no curto prazo a nível
económico", explicou na apresentação do RNBC o presidente da Agência
Portuguesa do Ambiente (APA). Nuno Lacasta informou que o documento está
disponível no site da APA e encontra-se a partir de hoje em consulta pública.
"É possível definir
trajectórias de baixo carbono para Portugal até 2050 que sejam eficientes em
termos de custo", salientou o presidente da APA ao apresentar dois
cenários para essas trajectórias - um com e outro sem restrições de emissões no
sistema energético.
Nesse sentido, Nuno Lacasta
disse que o nosso país pode alcançar uma redução das emissões de 50% a 60% em
2050 face a 1990, e "no sector energético são exequíveis reduções de 60% a
70%". Mas "todos os sectores de actividade têm potencial de redução
de emissões, sendo esse potencial maior na produção de electricidade, nos edifícios
e nos transportes".
Para o dirigente da APA,
"os principais vectores da descarbonização da economia portuguesa são a
electricidade, onde a produção renovável poderá atingir os 90% em 2050; a
tecnologia, aliada a maior eficiência energética, em particular nos transportes
e edifícios; a agricultura e floresta, que tem um grande potencial de sequestro
de carbono; e os resíduos, mudando o paradigma para modelos de gestão
orientados para a prevenção e valorização".
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