domingo, 7 de agosto de 2011

NACO DE HISTÓRIA (1)

Com esta rubrica - que ocasionalmente repetiremos - apresentaremos alguns excertos de textos históricos publicados em obras e trabalhos credíveis, tendo em vista a divulgação de algum do passado do nosso concelho de Salvaterra de Magos.


A referência mais remota que encontrámos ao Paço Real de Salvaterra de Magos é a do contrato de casamento da Infanta D. Beatriz com o rei D. João I de Castela, realizado em 1383 "dientro en los palácios Reales del dicho Luguar de Salvatierra estando hi presentes el muj noble e muj alto claro Principe Sñor D. Fernando por la gracia de Dios Rej de Portugal e del Algarve e la muj alta e noble Sñra D. Leonor su mujer Reina de los dichos Rejnos"; a cerimónia realizou-se "dentro en la Camara del dicho Sñor Rej de Portugal". Existia nessa época um Paço digno de receber as mais importantes entidades - Embaixadores, diversos Cardeais e Bispos, Nobres são mencionados; Salvaterra já então possuía foral outorgado por D. Dinis em 1295.
Em 1429 D. João I fez a seu filho, o Infante D. Fernando, e a seus herdeiros "graça e mercê" da Vila de Salvaterra "com todas as suas rendas, direitos e pertenças e pauis, matos e fontes, campos e limites, rossios, pacigos e montados; (...)", "(...) que o dito Infante em sua vida os não pode dar, nem doar, por mudar ou apanhar, nem em testamento deixar em tudo nem em parte salvo acontecendo que o dito Infante case fora destes Reinos de Portugal e Algarve...".
(...)
Por carta de privilégio datada de 16 de Junho de 1497, D. Manuel autorizou a residência em Salvaterra a 40 lavradores, escusando-os "dos cargos do concelho e de servir a corte ou qualquer outra pessoa com roupas e gados" se lavrassem no termo. Concessão que, aliás, vinha sendo tradição dos monarcas seus antecessores, evidenciando o interesse pelo desenvolvimento da vila.
Nos primeiros anos de Quinhentos a vila foi de novo transaccionada a D. Nuno Manuel, Guarda-mor do rei D. Manuel e seu almotacé.

(Foral de Salvaterra de Magos, 1517)

Por carta de 1507 D. Manuel concede a D. Nuno (neto do rei D. Duarte) "todos os direitos e rendas da dita vila de Salvaterra e terreno com a lezíria, do Romão". A Casa Real mantinha no entanto a propriedade do Paul de Magos, sendo outorgado dez anos mais tarde o novo foral à vila, aglomerado urbano que vivia especialmente do cultivo de cereais e do comércio que o pequeno porto de rio lhe permitia - pela "Vala", principal meio de comunicação, navegavam "barcas e batéis" transportando produtos alimentícios, tecidos, madeiras, louças, mobiliário.
Em 1532 havia 150 moradores na vila e 4 no termo; confrontava a Nordeste com Santarém, a Sueste com Coruche, com Benavente a Poente e a Norte com Azambuja.
A D. Nuno Manuel sucedeu no Senhorio de Salvaterra, seu filho primogénito D. Fradique Manuel, que por contrato de partilhas realizado em 1534 sabemos que possuía "Casas e horta" em Salvaterra e tinha constituído dívida de cinquenta mil réis de juro pela vila.
Em 1542 D. Fradique, a pedido de D. João III, cedeu Salvaterra ao Infante D. Luís, por contrato assinado em Lisboa no Paço do dito Infante - "nele se outorgou ceder e trocar D. Fradique a El Rei a vila de Salvaterra de Magos com todos os seus termos, com a renda da barca de Escaropim, o Paul, Cortes, Lizeirão, Romão Grande e pequeno e outras cousas, de que lhe deu por equivalentes as vilas de Tancos, Atalaia, Cinceira, com os seus termos e aldeias, com jurisdição cível e crime, mero e misto império etc a Alcaidaria-mor do Castelo e Fortaleza da vila do Marvão, com tributos, rendas e tudo o que nela lhe pertencia, que o Infante possuía; cedeu El Rei por esta troca certa quantia de dinheiro de juro, o casal de Santa Marta no termo de Santarém, com todas as suas casas, terras, matos, montes e fontes e outras coisas,  tudo de juro, reguladas pela Lei Mental".

(Portão do Convento de Jericó, datado de 1542)

Logo nesse ano mandou o Infante D. Luís edificar em Jericó (entre Benavente e Salvaterra) um Convento para os religiosos da Arrábida que seria de construção modesta por imposição do fundador Frei Martinho de Stª Maria.
"O Infante imitando o exemplo desta austeridade, escolheu para sua assistência três casas mui pequenas debaixo do Dormitório: a primeira lhe servia de livraria e antecâmara; na segunda havia unicamente uma cortiça em que dormia; a terceira tinha uma mesa quadrada de cinco palmos, para a qual convidava os religiosos, quando não comia no mesmo Refeitório, servindo-se com louça do barro mais grosseiro e até com escudela de pau".

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