Por baixo da calote gelada de Europa, uma das luas de
Júpiter, existe um oceano de água salgada no estado líquido com 100 km de
profundidade, que poderá ter formas de vida sustentadas pela luz infravermelha. Se
quiser saber mais leia a notícia que
publicamos de seguida.
Rolando
Cardenas, físico da Universidade Marta Abreu (Cuba), defende que podem existir
bactérias no fundo do oceano debaixo da superfície gelada de Europa, satélite
de Júpiter, alimentadas através da fotossíntese da luz infravermelha.
A tese da vida
extraterrestre baseada na fotossíntese infravermelha surge num estudo publicado
na revista de referência internacional "Astrophysics and Space
Science", em que Rolando Cardenas é um dos autores.
O estudo explora o potencial
que a vida baseada na fotossíntese, tal como a conhecemos, tem para existir em
ambientes com grande carência de luz solar, baixa energia e presença de luz
infravermelha. E há bactérias conhecidas na Terra que podem viver na ausência
de luz solar.
Há cerca de oito anos,
investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, descobriram um
novo tipo de bactérias numa fonte hidrotermal, que precisa de luz para obter
energia através de uma reação química com enxofre.
Só que estas bactérias foram
encontradas a 2400 metros de profundidade no oceano Pacífico, ao largo da costa
do México. Ora os fotões (partículas elementares) da luz solar não ultrapassam
os 200 metros da coluna de água, profundidade a partir da qual são absorvidos.
Bactérias usam luz geotérmica para sobreviver
As bactérias acabam,
assim, por usar a luz geotérmica das fontes hidrotermais para poderem
sobreviver. E possuem uma estrutura semelhante a uma antena para capturarem a
luz da forma mais eficiente.
"Quando tivemos
conhecimento da existência de bactérias que usam a luz infravermelha na
fotossíntese", conta Rolando Cardenas, "ficámos muito interessados em
testar o potencial fotossintético com esta luz, porque é uma medida da
capacidade da vida prosperar à volta das fontes hidrotermais".
A equipa de
Cardenas usou um modelo matemático para avaliar esse potencial e chegou à
conclusão de que, mesmo com uma fotossíntese baseada na absorção de luz de
maiores comprimentos de onda (menos energética), "as bactérias poderiam
realizar a fotossíntese num ambiente semelhante em Europa ou noutros objetos
planetários".
Estes organismos
"usam as antenas para viver em condições extremas, onde a quantidade de
luz é reduzida", reconhece entretanto Robert Blankenship, investigador da
Universidade de Washington em St. Louis (EUA) , que esteve envolvido na
descoberta de 2005.
Mas o cientista está
mais cético do que Cardenas. "A quantidade de luz que sai das fontes
hidrotermais, pelo menos aqui na Terra, é extremamente baixa" e a água à
volta destas fontes "absorve, provavelmente, a maior parte da luz
infravermelha disponível, sobrando muito pouca para os microrganismos que fazem
a fotossíntese".
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