A notícia que
de seguida se publica chama a atenção para alguma semelhança física entre os
portugueses e o povo Maia, nomeadamente a baixa estatura. Curiosamente, ou não,
as razões para que isso suceda são análogas e nada têm que ver com a genética.
Nativos americanos,
os maias são um povo altamente qualificado, nomeadamente em áreas como a
matemática ou a astrologia. Há quem pense que estão extintos, mas não é
assim: são actualmente cerca de seis a sete milhões, dispersos pela Guatemala,
México e Belize, e o traço dos antepassados não se faz sentir em todos. O
Alentejo vai dá-los a conhecer: "Destino partilhado - Ciência e os
Maias no século XXI" é a exposição que atravessou o Atlântico e que está
patente até 2 de Junho na delegação do INATEL em Évora.
À frente do evento está uma portuguesa,
alentejana. Inês Varela-Silva trabalha como investigadora na Universidade de
Loughborough, no Reino Unido, e dá a conhecer, através de uma
mostra fotográfica, as condições de vida dos maias na actualidade,
procurando estabelecer um paralelo com a actual situação que se vive em
Portugal.
A iniciativa surge em colaboração com
o "Mayaproject", que já leva mais de 10 anos de investigação repartida
entre os continentes americano e europeu. Mas o que têm em
comum maias e portugueses? A baixa estatura de ambos os povos, por
exemplo, facto que abre a discussão sobre as condições de vida.
"Por muito tempo, os maias foram
considerados os 'pigmeus' da América Latina e, pensava-se, 'é genético,
coitadinhos, estão bem assim', e não havia nenhuma necessidade governamental ou
das forças políticas e sociais para fazerem algo pelos maias. Quando
começaram a emigrar, a nossa investigação revelou que em menos de 10 anos houve
um crescimento médio de 11 centímetros nas crianças. Obviamente que não é por
serem pequeninos por natureza - é porque estão a passar mal, passam fome,
não têm condições de saúde e trabalham muito."
Quanto aos portugueses, "ainda são
hoje os mais baixos da Europa". "Tivemos algumas alterações positivas
no crescimento a seguir ao 25 de Abril e depois com a entrada na União
Europeia, mas ainda continuamos com uma estatura muito baixa por causa do
legado político e económico que tivemos durante o século XX."
Dando como exemplo a crise que se vive, a
investigadora lembra que a estatura é um indicador importante na hora de
compilar dados e "sempre que há alterações negativas de comunidades ou de
grupos humanos, essas alterações afectam a estatura, pois é um indicador usado
pelos economistas e muito sensível às alterações de desenvolvimento".
Longe das preocupações com o fim do mundo,
também os maias, à semelhança dos portugueses, estão mais inquietados com a
saúde dos seus filhos. Inês Varela-Silva conta que "um dos problemas dos
maias tem que ver com a alimentação e as cadeias de 'fast food', que estão
lá em força".
Consequência: os maias estão a deixar a comida
tradicional para passar a comer tudo empacotado. Já viu isto em algum lado?
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