O
Museu do Neo-Realismo de Vila Franca de Xira disponibilizou a Exposição “Manuel da Fonseca – Por Todas as Estradas do Mundo” que poderá ser vista, até final do
mês de Maio, no Centro de Interpretação do Cais da Vala em Salvaterra de Magos.
A propósito desta evocação de Manuel da Fonseca
diz-nos aquele Museu na sua página on
line em http://www3.cm-vfxira.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=30542:
“Pioneiro da poesia neo-realista, Manuel
da Fonseca (1911, Santiago do Cacém – 1993, Lisboa) foi sempre um
extraordinário contador de histórias, qualidade que melhor se expressou na
escrita de contos, romances e crónicas, convertendo-se rapidamente numa das
figuras maiores da literatura portuguesa do século XX.
Iniciou o seu percurso literário no fim
dos anos 30, com a publicação em diversos periódicos ligados à oposição ao
Estado Novo. O seu primeiro livro, Rosa dos Ventos (1940), foi considerado pela
crítica um exemplo de renovação poética no panorama das letras portuguesas.
Essa essência lírica e sensível intrínseca à sua obra, da poesia à ficção, não
nega, porém, as bases realistas, muitas vezes dramáticas, onde alicerça o
seu olhar crítico e observador. As histórias dos livros de contos Aldeia Nova e
O Fogo e as Cinzas, embora situadas no seu Alentejo, tal como Cerromaior e
Seara de Vento – consideradas obras-primas do romance moderno –, possuem o
carácter universal da condição humana e, por isso, não só foram aplaudidas pela
crítica e os leitores, como suscitaram até o interesse da indústria do cinema.
Homem inquieto, irónico e generoso,
Manuel da Fonseca teve uma longa vida literária, que espelhou o seu carácter e
os valores de uma atitude participativa, inconformada e corajosa em termos
cívicos e políticos. Para além disso, estabeleceu desde cedo uma relação de
afecto com a ideia e a constituição do Museu do Neo-Realismo, tendo sido
o primeiro a doar o seu espólio, em Novembro de 1991, revelando, afinal, a
sua determinação em ajudar um projecto que dava então os primeiros passos.
Por todas as razões evocadas, Manuel da
Fonseca merece ser relembrado com regularidade pelas instituições culturais
deste país, mas mais ainda, merece ser lido e apreciado por todas as gerações,
como se em volta da mesa pudéssemos partilhar ainda o encantamento de quem
afirmava com um sorriso: “o convívio é das coisas mais belas da Humanidade”. Os
seus livros são a prova evidente de que só as histórias bem contadas acabam por
resistir à máquina do tempo. Manuel da Fonseca foi um autor exímio, cuja obra,
constituída por um pequeno número de volumes, marcou todavia o nosso modo de
entender e sentir algumas das características do povo português.”
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