segunda-feira, 4 de outubro de 2010

CEM ANOS DEPOIS – A véspera


TESTEMUNHO DE RAUL BRANDÃO
Lisboa, campo de batalha (em 4-10-1910)

(Av. da Liberdade. Destruição provocada pela explosão de granadas)

Às dez e meia da noite sei mais notícias: os navios bombardearam o Paço; as tropas fiéis à monarquia estão encurraladas no Rossio. “Toda a noite ouço o estampido do canhão, (…), para depois cair sobre a cidade um silêncio mortal, um silêncio pior. Que se passa? Distingo o assobio das granadas, e de quando em quando um despedaçar de beiral que cai à rua. E isto dura até à madrugada. De manhã as tropas do Rossio rendem-se e os marinheiros desembarcam na Alfândega.

TESTEMUNHO DE MACHADO SANTOS
A Rotunda (em 4-10-1910, à noite)

(“Rotunda da Avenida, Revolucionários entrincheirados”)

Os populares que estavam desarmados foram-se entretendo na construção de teóricas barricadas. Tudo servia, guaritas, madeiramento de obras, fios telegráficos, troncos de arvores, chapas de zinco, etc..
(…) granadas das baterias de Queluz começam a chover na Rotunda (…) o acampamento responde ao fogo do inimigo e o quartel de artilharia 1, com duas peças, defendia-se galhardamente; ao mesmo tempo uma viva fuzilaria envolvia por completo a Rotunda.

(Fonte: Machado Santos, A Revolução Portuguesa 1907-1910, (prefácio de Joel Serrão) Lisboa, Assírio e Alvim, Janeiro de 1982, pp. 78- 79.)

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