sexta-feira, 18 de março de 2011

MANIFESTAÇÕES "GERAÇÃO À RASCA"


Na última reunião da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, realizada na passada 4ª feira, dia 16 de Março de 2011, e perante a afirmação feita por um dos vereadores da maioria BE (...) o descontentamento foi contra o PS e o PSD, embora eles se tenham feito despercebidos (...) [cito de memória], o vereador socialista Helder Esménio insurgiu-se contra este torpe aproveitamento de uma manifestação, balizando-a, condicionando-a, enquadrando-a, nos objectivos políticos de uma força partidária [BE] que sempre tem optado por coligações negativas e nunca foi solução para qualquer dos problemas que o País atravessa.
Transcreve-se seguidamente a intervenção/resposta dada por este vereador àquele comentário:

"Chega a ser curioso que algumas das forças partidárias que por ideologia são marxistas e leninistas, cujos países de referência cada vez em menor número, felizmente para os respectivos Povos pois só receberam miséria, chega a ser curioso, dizia, que essas forças partidárias falem de manifestações, de números de participantes, de objectivos alcançados, como se fossem os seus promotores, quando foram aqueles países, a experiência mostra-o, os que mais estreitaram a liberdade individual de expressão e de manifestação. Claro que sempre em nome do Povo, que só os próprios líderes e correligionários dessas forças partidárias representam ou representavam. Quem era contra eles era contra o Povo.
Mas vamos lá falar das manifestações de sábado, pois aqui em Portugal elas fazem-se em absoluta liberdade e enquanto essas forças partidárias não chegarem ao Poder, estamos seguros, até podemos debater o tema e, mais do que isso, até podemos ousar discordar uns dos outros.
O que as manifestações nos dizem em democracia é que pelo menos os que as integram estão descontentes com o rumo que as coisas tomam. No caso com a falta de oportunidades, com o crescente número dos que procuram o 1º emprego, com o aumento da insegurança e instabilidade no emprego (para os que o têm), com o alargamento de muitos horários de trabalho, com a diminuição de vencimentos, etc, etc.
Quem vive e respira em democracia sabe isso. Mais, preocupa-se com isso. Ao contrário de algumas forças partidárias que se alimentam e vivem apenas no seio de coligações negativas, que se colam a todos os protestos, os cidadãos que se preocupam estão muito apreensivos.
Eu olho para os problemas sempre na perspectiva de os procurar resolver. Eu tenho 3 filhos entre os 16 e os 28 anos e não os quero enganar, como não quero iludir nenhum dos seus amigos ou amigas. Portanto ao contrário da coligação [BE] ou das coligações negativas que de onde em onde se vão formando, eu não quero apenas somar ruído àquele que muitos dos nossos jovens fizeram por verem muitas das suas expectativas adiadas e mesmo goradas.
Cada um em seu sítio tem que ajudar, com trabalho, com inteligência, com capacidade de resistência. E os jovens que se manifestaram e os que não o fizeram têm força mais do que suficiente para criar novos partidos, para “invadir” os que existem, para ajudarem a escolher e a construir o caminhoNão apenas para exigir um. Pois se não o fizerem um dia podemos voltar a ter um “salvador da pátria” e deixamos todos de poder conduzir o nosso futuro, deixamos de poder escolher o caminho.
O que eu espero desses jovens, dos meus filhos também, é que eles se importem, se impliquem, se envolvam. Mudem o que houver a mudar, que sejam empreendedores, que sejam empresários, que ajudem a criar dinâmicas de desenvolvimento que consigam gerar empregos, pois pelos vistos empregos públicos já há demais!

Em resumo, todos precisamos de tirar consequências das manifestações do último sábado, mas elas só terão alguma utilidade prática se os próprios assimilarem que agir é muito mais que repudiar e protestar. Precisamos da força dos jovens, esta é a geração de sempre mais habilitada.
Esta é a leitura que faço das manifestações de sábado, mas como não somos populistas, para nós elas foram muito mais que uma festa/convívio de jovens, como algumas intervenções e alguns relatos parecem querer fazer crer."

8 comentários:

  1. É incrivel que tb o vereador L. Gomes esteja a cair em populismo, ele que caiu cá por causa de um tacho do Bloco (sim o BE também tem boys for the jobs), venha falar sempre a nível nacional e ignore por completo o que se passa a nivel concelhio nomeadamente na autarquia, que é a antitese daquilo que defende em público.

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  2. Muito bom! Só posso concordar com as suas palavras. Como estudante e, acima de tudo, como jovem, acho muito bem que nos manifestemos, é um direito e dever para demonstrar o nosso desagrado com o rumo que a política do nosso país - e internacional - está a tomar. No entanto, manifestações, protestos, textos correntes via net e afins por si só não podem solucionar o panorama em que nos encontramos. Referiu no texto uma coisa que penso ser uma das soluções principais a este problema : empreendorismo. A iniciativa é pouca, principalmente nas camadas mais jovens que, supostamente, deveriam ser as que mais condições têm para arriscar - apoios, formação, espírito jovem e muita SAÚDE pela frente. Tenho o privilégio de actualmente, em conjunto com alguns colegas do meu curso, estar a desenvolver um projecto cultural que visa re-lançar a "Casa do Artista" na comunidade académica de Lisboa. E logo no primeiro dia do projecto, chegámos à conclusão que a falta de interesse é geral, mesmo para aqueles que podem beneficiar dos assuntos. Por exemplo, a maior parte dos "novos artistas" não dá a mínima importância para esta mui nobre instituição, que além de os ajudar com formações, propagandas e até mesmo exemplos vivos do que é viver sob o estatuto de artista, funciona também como uma garantia para o futuro..isto por apenas 30€ de quota ANUAL..e onde se encaixa aqui a falta de interesse mesmo para os interessados? É que a maior parte dos novos artistas além de não aparecer, nem contribui com esta quantia irrisória, que lhes pode providenciar apoios futuros!
    Concluindo, devemos, sem dúvida, protestar mas aprender que se estamos insatisfeitos também temos que lutar para mudar e não unicamente esperar que uma manifestação e um governo resolvam por si o que necessita do contributo de todos. Cumprimentos, Elizabeth Mendanha

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  3. Não tenho do vereador Luís Gomes - culpa minha provavelmente :-) - a leitura que faz. Pressinto que ele primeiro acreditou, depois foi mais uma das vítimas e agora defende o ideário político em que acredita, bem distinto do meu é certo, mas aqueles que lutam pelas suas ideias só me merecem respeito. mesmo quando divergem das minhas!...

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  4. E qual é o seu Sr Esménio? qual o seu ideário, pode explicar á populaça ?

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  5. Gosto de ler betos a falar de precariedade, uma coisa são os filhos dos engenheiros, advogados (alguns), politicos. Outra realdidade são os filhos dos operarios, camionistas, desempregados!
    A vossa/nossa realidade não é a realidade!

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  6. Eu, ao contrário de si caro(a) anónimo(a) não trato as pessoas por populaça, não tenho sobre a vida uma visão de clãs ou linhagens, o que vejo são cidadãos com mais ou menos problemas.
    O meu ideário político não é nenhum enigma, é a social-democracia, em contraponto ao liberalismo económico. Não defendo a colectivização dos meios de produção. Leia a propósito o texto sobre "Serviços públicos ou privados" publicado no passado dia 14 de Março e ficará talvez mais esclarecido.

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  7. Quanto ao comentário do último anónimo dizer apenas que ele se contradiz e está seguramente confuso. A "sua/minha" realidade também são realidades. O País é a soma de todas as realidades, não apenas de algumas! Daqui a poucos anos você também não pode reconhecer as novas realidades, pois grande parte dos nossos jovens são (ou serão) engenheiros ou doutores. Em Portugal não há luta de classes como as suas palavras indiciam. Isso é que é uma visão antiga, conservadora, distorcida da(s) realidade(s).
    Ao contrário do que fez prefiro não catalogar ou estereotipar o texto do seu comentário, leio-o apenas como a sua opinião. Curioso foi aperceber-me que nada acrescentou ao que eu digo no "post", é talvez isso que mais nos divide. Eu procuro construir, você ainda não sei, para já não!...

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  8. Seguramente que, quando estamos convictos da nossa ideologia, damos a cara por ela. Um bem haja Eng. Hélder, por fazer isso quando tão poucos o fazem, pelo menos na linha da frente e não como "anónimos"! :)

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