terça-feira, 5 de novembro de 2013

PERDA INGLÓRIA DE ÁGUA

(in O Ribatejo)

Na primeira Assembleia Geral da empresa de capitais públicos municipais, Águas do Ribatejo, que elegeu os seus órgãos sociais, ficámos a saber que o volume de água que se perde nas tubagens ou que é gasta em consumos não registados é da ordem dos 40%.
Este volume de água que não é facturado põe em causa, ao que nos disseram, a sustentabilidade da empresa pois os estudos económicos feitos no início da actividade desta empresa intermunicipal apontavam para “perdas” da ordem dos 20%.

Somando estes dois dados parece evidente que ou a empresa consegue reduzir rapidamente o volume de perdas, diminuindo as ligações “clandestinas” e encontrando financiamento comunitário para substituir tubagens (muitas ainda em fibrocimento), ou vão ser os seus clientes a suportar estes custos, designadamente recorrendo ao aumento do tarifário.
Estão associados neste projecto os Municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas.
Aproveitámos ainda a realização desta Assembleia Geral para deixar expresso o nosso protesto pelos sucessivos atrasos na repavimentação da Estrada do Mercado em Marinhais, cujo pavimento foi cortado - há longos meses - para executar redes de saneamento, deixando claro que se a empresa não efectuar rapidamente estes trabalhos eles serão feitos pela Câmara Municipal que debitará depois àquela empresa os custos pela intervenção. 
Foi ainda, por nós, exposto o problema que se vive na Glória do Ribatejo com as obras em curso que afectam o abastecimento de água, mas onde se somam frequentes roturas e, soubemos agora, a perda da pressão que a água tinha nalguns locais.

"A água não faturada em Portugal representa em média cerca de 30%", totalizando um valor "da ordem dos 170 milhões de euros por ano, uma verba extremamente elevada", afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), Jaime Melo Baptista.
Para Jaime Melo Baptista, esta situação "mostra bem a necessidade de se investir no aumento de eficiência e na manutenção dos sistemas, na redução de avarias e, consequentemente, de perdas".
Em termos internacionais, são aceitáveis valores de água não faturada de cerca de 15% do total distribuído.
Se a média nacional de água não faturada se situa nos 30%, "há operadores com valores perfeitamente aceitáveis, na ordem dos 10%, ou eventualmente menos, mas no outro extremos estão operadores que chegam aos 70 ou 80%, o que é não aceitável", alertou Melo Baptista, em declarações à Lusa.
Os casos mais gravosos de água não cobrada, e consequente perda de receita, surgem nas áreas rurais, com relevância para a região Norte, enquanto os melhores desempenhos se localizam nas áreas urbanas do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, dependendo ainda de se tratar de distribuição em alta (da captação ao reservatório) ou em baixa (do reservatório ao local de consumo).
Entre as percentagens mais elevadas de água distribuída e não faturada encontram-se os casos das câmaras municipais de Celorico de Basto (78,2%), Macedo de Cavaleiros (77%) ou Murça (73%), refere um relatório da ERSAR.
Em Chaves, a água não cobrada está nos 62,7%, Silves tem 54,3%, Montijo 44% (Serviços Municipalizados, SMAS), Loulé 41,3%, Caldas da Rainha 38,1%, Grândola 38%, Sesimbra 35,9%, Guarda (SMAS) 30,4% e Sintra (SMAS) 25,1%.
No extremo oposto, a Empresa Portuguesa das Águas Livres (EPAL) regista não faturação somente em 10% do total distribuído, as Águas de Valongo, em 15,4%, e em Faro, através da Faro, Gestão de Águas e Resíduos (Fagar) 15,4%.
Em Portugal Continental, dos cerca de 850 milhões de metros cúbicos de água captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, cerca de 300 milhões não chegam a ser vendidos aos utilizadores.
As razões prendem-se com perdas físicas, ou seja, ruturas ou fissuras nas condutas, imprecisões nas medições ou furto de água, e com perdas comerciais, relacionadas com fornecimentos autorizados, mas não cobrados para lavagem de ruas, rega de espaços verdes municipais, alimentação de fontes e fontanários, lavagem de condutas e coletores de esgoto ou para combate a incêndios.
As decisões de não cobrar a água diferem do sentido da recomendação da ERSAR. "Toda a água consumida deve ser faturada até porque ao não facturar [por exemplo] a consumidores municipais, na prática estamos a dizer que devemos faturar um pouco mais aos restantes consumidores", realçou o seu presidente.
Melo Baptista salientou que os problemas devem ser analisados de forma integrada, pois "a questão das perdas é um dos vários aspetos da ineficiência e a sua resolução passa por monitorizar a situação, o que já se faz, mas é preciso acompanhar as razões que levam às perdas físicas, através da avaliação das ruturas que existem no sistema".

6 comentários:

  1. Encontrou-se um excelente argumento para aumentar as tarifas de água, na incapacidade da empresa para resolver os seus problemas. Assim é mais fácil e mais rápido equilibrarem-se as contas. Gerir sem concorrência é realmente muito confortável.

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  2. Resumindo: Ou a empresa é competente ou paga o mexilhão.
    Resultado: Paga o mexilhão

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  3. http://greensavers.sapo.pt/2013/11/06/florestar-portugal-74-municipios-vao-plantar-mais-de-91-mil-arvores-autoctones/

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  4. Só podem estar a gozar. Tenham menos viaturas... nunca tivemos água tão ruim. Com a C.Munic pagavamos menos. Temos outra EDP. Se só querem lucros cortem nas despesas. Sei que vêm o mau exemplo do governo. Não abdicam de nada, a despesa aumenta e cobram no povo. Gerir bem é reduzir despesa desnecessária.

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  5. dantes quando era a camara a mandar existia apenas um canalizador por freguesia e chegava (falo com dados certos) agora são precisos cerca de 10 pessoas para fazer o mesmo trabalho, antigamente o canalizador deslocava-se de mota e agora de carrinha 4x4 pois temos muitas estradas com terra batida deixada pelos outos no tempo da outra senhora, É UMA VERGONHA

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  6. Ainda em Julho de 2013 gastaram cerca de 300 mil euros em viaturas. As nossas, da plebe, duram 10, 15, 20 anos. Uma empresa constituída em 2009, já necessita de trocar de viaturas... Depois o problema é das perdas da água...

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