domingo, 24 de novembro de 2013

UMA ENERGIA AFINAL POUCO VERDE


Os biocombustíveis estão a revelar-se preocupantes, pois o seu uso massivo exige maiores quantidades de etanol o que fez disparar as plantações de milho.
Aumentaram as áreas cultivadas e com elas a libertação de CO2. O uso de fertilizantes cresceu e os riscos de contaminação das águas freáticas também. Tudo parece indicar que o etanol começa a ser muito mais um problema do que  solução!


Em 2005, no âmbito da revolução americana das energias sustentáveis, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, implementou uma legislação que obrigava as companhias petrolíferas a adicionarem biocombustível às suas gasolinas e gasóleos. A lei previa a incorporação de 15,1 mil milhões de litros em 2006 e o dobro deste valor até 2012.
Apesar de a lei ter sido assinada por Bush, durante o seu segundo mandato, a implementação recaiu sobre a administração de Barack Obama.
Um dos principais constituintes dos biocombustíveis é o etanol, que nos Estados Unidos é produzido através do milho. Uma vez implementada a lei para a incorporação de etanol nos combustíveis a procura das petrolíferas por etanol aumentou, o que fez disparar as plantações de milho.
Uma investigação da Associated Press (AP) vem agora revelar que a revolução americana do etanol está a ameaçar seriamente o ambiente, sem produzir benefícios tangíveis suficientes.
Devido ao aumento da procura de etanol para satisfazer os requerimentos do Governo, com o intuito de transformar os combustíveis fósseis numa fonte energética mais verde, foram plantados mais de 20 milhões de metros quadrados de campos de milho. Uma área destinada à conservação, superior às áreas combinadas dos Parques de Yellowstone, Everglades e Yosemite, desapareceu, assim, sob o olhar da administração de Obama.
Os agricultores começaram então a cultivar uma área que não era anteriormente utilizada para agricultura, o que libertou grandes quantidades de dióxido de carbono. A par disto, pulverizaram estas áreas com grandes quantidades de fertilizantes químicos, parte das quais ter-se-ão infiltrado nos lençóis de água, rios e expandiram-se, até à “zona morta” do Golfo do México, uma zona com baixas concentrações de oxigénio que não suporta formas de vida, contribuindo para piorar as condições oxigenação desta área do Golfo.
“Isto é um desastre ecológico”, afirmou Craig Cox, do Environmetal Working Group (EWG), à AP. De recordar que o EWG já foi um aliado da casa Branca, mas que agora se posiciona contra as políticas de etanol da administração de Obama.
A eficiência do etanol como um redutor das emissões de dióxido de carbono tem sido largamente exagerada, aponta a investigação, referida pelo Huffington Post, o que torna imperceptível se, na realidade, o etanol pode ser melhorado para combater os efeitos do aquecimento global. Contrariamente, o preço do milho mais que dobrou desde 2010 e os agricultores não estão dispostos a abrandar a sua produção.
As consequências da produção desregrada de etanol estão a ser nefastas ao ponto dos ambientalistas e cientistas estarem a classificar o uso do etanol como uma má política ambiental. Por seu lado, a administração de Obama continua firme quanto ao uso do etanol, preferindo destacar os benefícios do etanol para a indústria agrícola do que reconhecer qualquer tipo de impacto negativo. A Casa Branca acredita que apoiar a produção de etanol é a melhor maneira de encorajar o desenvolvimento dos biocombustíveis, que no futuro serão mais limpos do que actualmente. Mas, ao incentivar esta forma de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a administração de Obama está a permitir que à indústria da energia verde “fazer coisas não tão verdes”.

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