Sob a coroa filipina [1580-1640] o Paço de Salvaterra foi reconhecido como um bom aposento régio; a nomeação de um dos melhores arquitectos de então para dirigir as obras, Baltazar Alvares, Arquitecto dos Mosteiros de S. Vicente de Fora, de S. Bento da Saúde e de S. Antão de Lisboa, assim o comprova.
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Dois regimentos, o de 1589 e o de 1595, estipulavam as verbas a dispender na "fábrica do Paço". Filipe II atribuiu como orçamento anual para conservação e ampliação do edifício, oitenta mil réis, (...); aquele monarca, por alvará de 28 de Janeiro de 1616, nomeia João Rodrigues "Mestre das obras de pedraria".
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O interesse da coroa espanhola por Salvaterra está bem explícito nos cuidados de conservação dos imóveis de propriedade régia e da Igreja Matriz.
(Assinalámos o Cais da Vala e a Capela Real)
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Aos campos de Salvaterra "com tempo austero, frio e húmido" irá por diversas vezes caçar, nos meses de Inverno, D. João IV.
As obras do Paço prosseguem no reinado de D. Pedro II. Sob a orientação de Mateus do Couto, em 1681, foram pintados de têmpera os tectos dos Paços Reais de Salvaterra (...)
Pela leitura dos "Livros de Mercês" do Cartório da Casa de Bragança, conhecemos a generosidade do monarca que anualmente subsidiava a "Irmandade do Santíssimo Sacramento de Salvaterra" e o Convento de Nossa Senhora da Piedade de Jericó, atribui-se-lhe na "Corografia Portuguesa", o "acrescentamento de mais casas e jardins" ao Paço primitivo, tal como foi sua preocupação o repovoamento florestal do Paúl de Magos e reforço do estatuto dos "oficiais da Câmara", "em razão da dita vila ser uma das mais autorizadas do Reino, assim pela assistência que eu e as mais pessoas Reais nella faziam, como por ser muito populosa".
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A época áurea do Paço decorre em pleno reinado de D. José, nos primeiros anos da década de cinquenta, em que um vasto plano de remodelação e ampliação se inicia, incluindo a construção de uma "nova e sumptuosa Casa da Ópera".
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O tremor de terra de 1755 viria a provocar consideráveis estragos no Paço; no ano imediato e durante quatro anos nele decorreram obras de profundo restauro, dirigidas por José Joaquim Ludovice e Carlos Mardel - dois nomes ligados a grandes empreendimentos arquitectónicos de responsabilidade na Lisboa pombalina.
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O censo da população é realizado com maior rigor em 1788, sendo mencionados 2145 habitantes de diversas profissões especialmente dedicados à lavoura e à manutenção da coutada e Paços reais; (...)
No final do século XVIII ainda se mantinha a conservação periódica do Paço, sentindo-se, embora, um apagar lento da vida que durante décadas lhe imprimira a Corte; (...)
Com a ausência da Família Real, no Brasil, o Paço perde o seu esplendor - uma sucessão de incêndios (o de 1817...), tremores de terra (1534, 1755 e 1909) e... desleixo, ajudaram a intensificar a agonia.
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Em 10 de Setembro de 1849 a rainha D. Maria II autoriza a cedência ao Estado de todos os prédios da Coroa dependentes do Almoxarifado de Salvaterra "sendo manifesta a progressiva ruína dos prédios que compõem o Real Almoxarifado, ruína que, pelos escassos recursos do Tesouro público, não era fácil acorrer".
O Palácio Real e o Palácio Queimado (velho), a Capela e a Horta Real, casas, lojas, barracas e sobrados diversos, quartéis de infantaria, cavalariças e cocheiras, palheiros, casa dos Fiéis e dos Sotas, o Palácio em que residia o encarregado António Eliseu da Costa Freire, a Ermida de S. Sebastião, pombais e falcoaria constam de longas listas então elaboradas com autos de entrega à Fazenda Nacional, sendo autorizada a arrendá-los ou a dar-lhes qualquer aplicação de onde proviessem vantagens; poucos anos bastaram para que se efectuasse em hasta pública a venda de todos aqueles bens, com excepção da Capela Real, cuja propriedade o Estado conservou.
(Os textos e as imagens são extraídos da publicação "O Paço Real de Salvaterra de Magos" de Joaquim Manuel da Silva Correia e Natália Brito Correia Guedes)
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