É de
algum modo intuitivo para os pais que as crianças devem “dormir a horas”, mas se dúvidas houvessem o estudo que noticiamos
de seguida é absolutamente esclarecedor quanto aos prejuízos que a desregulação
das horas de sono pode ocasionar às crianças.
As
crianças que não têm horário para irem para a cama correm maior risco de terem
problemas de desenvolvimento e de comportamento, revela um estudo britânico
publicado hoje [dia 15-10-2013, 3ª feira passada] na revista Pediatrics.
«Não
ter horários fixos para dormir cria um estado físico e mental nas crianças
semelhante ao efeito provocado pela diferença de fuso horário (...), o que é
nefasto para o desenvolvimento saudável e a atividade diária», explica Yvonne
Kelly, epidemiologista da Universidade College London (UCL) e autora principal
do estudo.
Segundo
a investigação, a irregularidade nos horários pode perturbar os ciclos naturais
do organismo e provocar uma falta de sono que coloca em risco o desenvolvimento
do cérebro e a capacidade de controlar determinados comportamentos.
«Sabemos
que os primeiros anos de desenvolvimento das crianças têm uma profunda
influência na saúde e no bem-estar durante toda a vida», destaca Yvonne Kelly.
«As perturbações do sono, especialmente em momentos-chave do crescimento, podem
ter importantes consequências para a saúde durante toda a vida».
Os
autores analisaram dados sobre os hábitos de sono de mais de 10 mil crianças –
com três, cinco e sete anos – no Reino Unido, incluindo o seu comportamento,
através de depoimentos de pais e professores.
O
estudo estabeleceu um vínculo clínico e estatístico muito evidente entre
horários irregulares para dormir e problemas entre as crianças, resultado da
mudança dos seus ciclos circadianos, já que a falta de sono afeta o
desenvolvimento do cérebro.
As
crianças com horários mais irregulares ou que vão para a cama depois das 21h
pertencem – na maior parte dos casos – a famílias socialmente desfavorecidas,
destaca a investigação.
«Parece
que os efeitos nefastos dos hábitos irregulares para dormir são reversíveis»,
explica a especialista, que defende que os pediatras controlem os problemas do
sono com exames periódicos.
Maria João Pra
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